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Kanzi em perigo: drama em Iowa

6 de fevereiro de 2012
3 min. de leitura
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Na foto, Kanzi

Na cidade Des Moines, no estado Norte-Americano de Iowa, se encontra uma organização chamada Great Ape Trust of Iowa. Fundada em 2002, começou a operar em 2004 e chegou a abrigar, até setembro de 2010, seis orangotangos e sete bonobos, entre eles Kanzi – o bonobo mais famoso no mundo – por suas habilidades de comunicação.

Uma crise se agravou no ano passado, quando o fundador e principal doador de fundos para o centro, o multibilionário Ted Towsend, parou de fornecer uma boa parte dos quatro milhões de dólares que a organização consumia a cada ano.

O Comitê Diretivo renunciou e uma nova direção foi criada, que nomeou um diretor interino, Heidi Lyn, com o fim de reorganizar o centro, que deixará de ser uma organização de pesquisa não invasiva, dedicada ao estudo da capacidade lingüística, cognitiva e de comunicação dos grandes primatas, e se tornará um Santuário.

Entre as medidas radicais tomadas está um corte substancial na quantidade de empregados contratados, reduzindo-os a menos de 12 funcionários, alguns deles trabalhando meio período.

O plano compreende um esforço para arrecadar fundos para manter o local, que agora como Santuário tem menos exigências federais e custo menor para ser mantido. O novo orçamento é de meio milhão por ano.

Dos vários cientistas que lá trabalhavam, restou somente a Dra. Sue Savage-Rumbaugh. Uma das primatólogas mais conceituadas do mundo, ela tem publicado inúmeros trabalhos ao longo dos seus mais de 30 anos de envolvimento com chimpanzés e bonobos, em especial o grupo de Kanzi. Ele já foi capa das maiores revistas Norte-Americanas e tem presença constante em documentários televisivos.

O Great Ape Trust não explicou com clareza o porquê do fim do financiamento pelo fundador do centro e as mudanças internas que isto tem ocasionado.

Mais de um ano atrás, quatro orangotangos de um grupo de seis foram enviados ao Zoológico de Indianápolis, junto com o chefe de pesquisa deste grupo, Dr. Rob Shumaker, que já tinha abandonado o Trust em Ohio meses antes, para ser vice-presidente de Ciências deste Zoológico.

Os outros dois orangotangos, Allie e Popi, chegaram dias atrás ao Center for Great Apes, em Wauchula, Flórida, que é o único Santuário de orangotangos nos Estados Unidos e que fez um esforço adicional para recebê-los, já que não tinha suas instalações totalmente terminadas. A orangotango Allie tem um grave problema de paralisia nas pernas, deve receber um tratamento especial e já está melhorando em seu desempenho em Wauchula. A orangotango Ollie trabalhou muitos anos em Hollywood e foi extremamente maltratada por seu domador e dono, que terminou sendo processado por isso, em um dos primeiros casos de condenação por maus tratos nos Estados Unidos. Ele a golpeava com uma barra de ferro antes de começar cada show em que ela participava. Com uma câmera oculta isso foi filmado e apresentado para a Justiça.

O dramático desta situação é que quatro orangotangos que trabalharam no entretenimento e estavam no Trust de Iowa já aposentados agora retornam a um Zoológico, que planeja um mega investimento de 30 milhões de dólares num recinto para criar uma “vitrine de diversão” à custa destes extraordinários seres. Se esses 30 milhões de dólares fossem investidos no resgate de orangotangos na Indonésia, centenas deles seriam salvos. Novamente os zoológicos mostram que pouco lhes importa a preservação das espécies ameaçadas para gerar lucros em seus empreendimentos turísticos.

Se o Santuário em que o Great Ape Trust of Iowa agora se converteu, com sete bonobos totalmente treinados para comunicar-se com humanos e entre eles, não conseguir se auto-financiar, será mais um golpe terrível na luta pelos direitos básicos dos grandes primatas em nossas sociedades. O trabalho que a Dra. Sue Savage-Rumbaugh tem realizado todos estes anos e o grupo de bonobos que a acompanha, perigam de desaparecer e de terminar como os quatro orangotangos num zoológico, numa vitrine de luxo, para divertimento do público, continuando sendo escravos sem o mínimo de seus direitos.

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