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Conheça a história de superação do cavalo Big Black

26 de fevereiro de 2012
2 min. de leitura
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por Fair Soares

15 de fevereiro é um dia muito importante porque cheguei no Paraíso dos Cavalos. Na chegada, recebi o nome de Big Black. Acho que é porque sou preto. Estava sem poder me levantar, com um mal-estar muito grande. Uma sede terrível, com um pouco de fome e muita dor. Já tinha desistido. Felizmente, uma pessoa me viu e chamou a Força do Bem. Umas mulheres brigonas… até ouvi alguém dizer que são barraqueiras. Um amigo chamado Jacson me deu soro com remédio para dor. Que alivio! Foi um tal levanta, puxa-para-cá, vira-para-lá, que achei melhor levantar para me ver livre do sacolejo. Chegou a polícia, e logo pensei – ‘xiiii, deu bolo na boca’. Ouvindo mais atentamente, vi que a coisa era comigo. Se eu não estivesse com muita dor, juro que ia levantar os braços… sabe como é, nunca se sabe. E se acharam que eu era cúmplice?

Chegou um médico chamado Chico, que me examinou e deu o veredito – ‘pneumonia e lesão na coluna’. Acertou na mosca! Por isso, aquela tosse e a dor nas costas, terrível. De repente, aquele homem infeliz chegou. Quase desmaiei! Ele chegou dizendo que era meu dono. Foi aí que entendi que a polícia estava ali para me tirar daquele bandido e não para me prender. A moça falava no telefone com a chefona, que devia estar muito braba. A moça dizia – ‘está bem, está bem, eu pergunto’. Foi uma conversa de – ‘cadê o recibo, a nota, a fotografia, certificado de propriedade, e isso e aquilo?’. Falava aos PMs que o bandido não tinha prova e que eu não era dele. Dizia ‘cadeia, Lei, crime ambiental’. Meu olho corria de um lado para outro. Até que aquele homem cruel desistiu de mim. Eu poderia ter dito que era ele quem me bateu, machucou minha coluna, me fez passar fome e sede, mas achei melhor calar… Todo mundo sabe que cavalo tem medo de entrar em reboque, mas quase saltei para dentro. Dizia baixinho – ‘vamos embora, corre’. Ufa! Saímos dali!

E felizmente me trouxeram para cá. Comi muito bem, tomei água fresquinha, tirei foto, tomei remédio, fizeram uma tal resenha, me mediram, que é para saber meu peso. Graças a São Francisco ou ao doutor Chico, estou fora da maldade e das ruas. Carroça, nunca mais! Acho que vou ganhar uma carteira de identidade e uma boa aposentadoria. Agora, é só bem… Aqui há muitos outros cavalos, que vieram para cá pelos mesmos motivos. Tivemos um dedinho de prosa, e eles disseram que temos padrinhos que ajudam a comprar nossa comidinha. Quero aproveitar e mandar um beijinho cavalar a esses queridos padrinhos que nos ajudam a viver em paz.

Assinado, Big Black.

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