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Sorvetes especiais e outras táticas aliviam o calor dos cachorros no verão

20 de fevereiro de 2012
5 min. de leitura
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Veterinárias lançam sorvetes feitos para cachorros; há itens produzidos em solo brasileiro (Foto: Divulgação)

Quando a fêmea Pipoca, filhote de pastor alemão de oito meses, recebe seu pote de água em dias quentes, não tem dúvida: bate a pata na vasilha e espalha o líquido fresquinho pelo chão. “Depois, deita em cima. Ela faz isso sempre”, comenta a dona, a jornalista Paula Prado. Os cachorros têm suas técnicas -instintivas ou um tanto mais elaboradas, como a de Pipoca- para tentar se refrescar no verão. Os humanos também usam algumas táticas para ajudar, como sorvetes especiais para bichos.

“Nessa época, é comum diminuir o apetite dos cães e aumentar a ingestão de água”, explica o veterinário Daniel Lima. No caso dos tutores que costumam inventar artimanhas para auxiliar seus animais, é importante colocar sempre a saúde do bichinho em primeiro lugar. Oferecer sorvete normal pode não ser uma boa ideia.

“O produto contém açúcar, lactose e gordura, e pode causar vômito e diarreia, especialmente se o animal não estiver acostumado”, comenta Daniel. Pensando nisso, as irmãs Thais e Juliana Mucher, ambas veterinárias e tutoras de yorkshires, desenvolveram um sorvete especial para cães, o Icepet. “Foi pelos nossos cachorros mesmo, que sempre gostaram de sorvete. Como não faz bem, resolvemos criar um que não fizesse mal”, lembra Thais.

A guloseima vem nos sabores bacon, creme, menta, chocolate e morango (o preferido da cachorrada), e foi desenvolvido para os bichinhos. Daniel alerta, porém, que esse e outros petiscos não devem jamais substituir as refeições normais. “Ele deve ser dado em quantidade pequena para não prejudicar a alimentação regular. E não pode ser oferecido para cachorros diabéticos ou com alergia a lactose”. Caso o cachorro tenha qualquer restrição alimentar, o ideal é consultar antes o veterinário.

Sombra, fruta e água fresca

Marcelo Quinzani, diretor do hospital veterinário Pet Care, sugere algumas outras técnicas para aplacar o calor dos animais. “Podemos fazer ‘sorvete para cães’ com caldo de carne ou legumes (veja quadro ao lado) ou mesmo oferecer a maioria das frutas da estação, como melancia, melão, uvas, maçãs, peras ou mamão, sempre observando se não causa nenhum efeito colateral para o animal como diarreia, vômitos ou gases.”

Sempre vale, é claro, o bom senso: a porção deve ser proporcional ao tamanho do animal, sem que ele perca a fome ou deixe de comer o volume de ração indicada para a idade dele. “Frutas ácidas e gordurosas devem ser evitadas”, completa Daniel.

Como em épocas mais quentes o apetite dos cães costuma diminuir, o veterinário recomenda também dividir a ração diária em porções menores e oferecer um pouco de cada vez ao animal, ao longo do dia. “Assim, não sobrecarrega o estômago. Manter a água fresquinha e colocar alguns cubos de gelo também pode ajudar”, aconselha.

A sombra, no entanto, é a maior aliada dos bichinhos. Evite passeios em locais quentes ou nos horários de pico, e mantenha-o em ambiente com proteção do sol e ventilado. Se for passear de carro, viagens muito longas não são recomendadas, muito menos deixar o animal dentro do carro.

Em dias de chuva, é importante também evitar contato com enchente e águas paradas, devido à possibilidade de contato com urina de rato, que transmite leptospirose.

Gelos "com sabor" ajudam animais (Foto: Reprodução/UOL)

Tosa adequada

Os cachorros sofrerão mais no verão se estiverem com a pelagem muito densa -inclusive com pulgas, que podem proliferar em ambientes úmidos e quentes. “Tanto para mantê-los mais frescos como para controle de pulgas e problemas de pele, recomendamos a tosa mais baixa”, argumenta Marcelo.

Diferentemente de seus tutores, os cachorros não transpiram pela pele. “A troca de calor se dá pela boca. Por isso, eles estão sempre ofegantes no verão”, explica Daniel. O pelo, que funciona como um isolante térmico, mantém a temperatura do corpo dos cães a uma média de 39,5 graus, um pouco acima da temperatura ambiente média.

Cuidado com a hipertermia

Como a área corporal que os cachorros possuem para transpirar é pequena em relação ao tamanho do corpo, eles correm o risco de hipertermia. São as condições ambientais áridas, com excesso de calor ou umidade, que podem levar ao superaquecimento dos animais.

Os cachorros têm suas técnicas para se refrescar (Foto: Reprodução/UOL)

“Cães submetidos a condições como passeios em horas quentes do dia, exercícios vigorosos ou ambientes fechados como carros com restrição de água podem desenvolver o problema”, comenta Marcelo.

A respiração é a forma mais eficiente que os cachorros possuem de perder calor, e contam com a caixa craniana como “aparelho refrigerador”. Cachorros de focinho curto têm ainda mais dificuldade nesse processo, pelo pouco espaço que possuem, explica o veterinário: “cães braquicéfalos como das raças buldogue, boxer, pug, lhasa apso, shih tzu e boston terrier estão mais suscetíveis, pois anatomicamente já são desfavorecidos”. Segundo Daniel, cachorros de raças típicas de habitats mais frios, como husky siberiano e akita inu, também sofrem mais nessa época do ano.

Além de problemas respiratórios e taquicardia, a hipertermia pode até mesmo levar o animal à morte. Por isso, os tutores devem ter cuidado dobrado com as condições de sombra e ventilação dos ambientes pelos quais o animal circula nos dias mais quentes, evitar exposição excessiva ao sol e calor e manter a tosa em dia. “Evite sair para passear com o cachorro logo após a refeição também”, acrescenta Daniel.

Prepare em casa uma receita de sorvete para cachorros

Cozinhe por 20 minutos na panela de pressão meio quilo de carcaça ou partes de frango, uma colher de chá rasa de sal, dois talos de salsão, meia cebola e um litro de água. Coe o caldo e leve para geladeira por uma hora. Depois desse tempo, a gordura do alimento ficará na superfície. Retire com uma colher e coloque o caldo restante em forminhas de gelo. Espere congelar e ofereça ao animal. O truque vai ajudá-lo a manter a temperatura corporal mais baixa. (Receita de Marcelo Quinzani, diretor do hospital veterinário Pet Care).

Fonte: Uol

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