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Ativistas pelos animais respondem a comentário especista de rabino canadense

2 de fevereiro de 2012
2 min. de leitura
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Por Lobo Pasolini (da Redação)

Uma das comparações mais frequentes feitas por ativistas dos direitos animais sobre a relação dos humanos com os não-humanos é com o Holocausto que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. A primeira pessoa a comparar a tirania humana em relação aos animais com o nazismo foi o escritor judeu Isaac Bashevis Singer, ganhador do Nobel de Literatura em 1978, e que disse: “Para os animais, todos os humanos são nazistas.”

Inspirado nessa analogia, Charles Patterson escreveu um livro seminal dos direitos animais, The Eternal Treblinka (2002), atualmente sendo traduzido para o português brasileiro para possível lançamento ainda em 2012. E apesar de ter sido lançado uma década atrás, o livro ainda incomoda alguns que não apreciam a comparação.

O caso mais recente foi o de um rabino canadense chamado Avi Shafran que escreveu na publicação canadense Jewish Chronicle que “dar direitos aos animais conduz a obscenidades como o livro Eternal Treblinka que compara fábricas de criação com campos de concentração nazistas.” Avi cometeu o erro de equacionar a valorização dos animais com a desvalorização dos humanos.

Como era de se esperar, vários ativistas escreveram para a publicação para rebater afirmações especistas tão absurdas. O professor de filosofia Robert T. Hall da Universidad Autónoma de Querétaro no México escreveu: “Valorização moral não é um jogo de soma zero. Não é como se tivéssemos um número limitado de direitos para distribuir de modo que se dermos direitos a alguns teremos que tirar de outros. Eu não tenho que desvalorizar meus filhos para valorizar minhas filhas. Dizer que os animais têm direitos não significa que os humanos não os tenham ou tenham menos,” ele disse.

“A atitude paranoica e míope do rabino em relação aos animais é muito parecida com a atitude dos nazistas em relação à nós (judeus). Não é a Eternal Treblinka que é um livro obsceno. É sua falta de compaixão”, escreveu Rina Deych, do Brookly em Nova Iorque.

“Quando eu ouço as pessoas falarem dessa forma, eu secretamente desejo que exista algo como a transmigração da alma onde a alma volte em um estado diferente, talvez como um animal. Nenhum de nós gostaria de voltar como um animal confinado em fazendas fábricas. Que terrível é para eles estar encarcerados em locais escuros e sem ar. Nenhum de nós gostaria de sentir o cheiro daquele ar poluído com fezes e urina. Os trabalhadores se protegem usando máscaras,” escreveu Susana Megles de Ohio.

O holocausto acontece todos os dias nos matadouros do mundo, nas ruas (carroças, animais abandonados etc), nos mares (pesca), circos e pelas mãos de desmatadores que destroem o habitat natural de nossos companheiros de planeta. É uma analogia justa e precisa e que nos faz reavaliar nossa atitude tirânica, naturalizada pelo costume e tradição.

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