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Polícia investiga caso de cão que teve pata colada com cola instantânea

27 de janeiro de 2012
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(Foto: Reprodução/TV Tem)

A Polícia Civil de São Manuel (69 quilômetros de Bauru) investiga o caso de um filhote da raça poodle que teve a pata fraturada colada com Super Bonder por um veterinário do município. O profissional diz que o procedimento é comum. A tutora do animal, após levá-lo a outro veterinário, decidiu registrar boletim de ocorrência para apurar se houve algum erro no atendimento prestado.

De acordo com o BO, o fato, registrado apenas na última segunda-feira, teria ocorrido no dia 12 de janeiro. Após acidente doméstico, o cãozinho fraturou a pata dianteira esquerda e foi levado pela dona, Kelly Cristina Inácia, 29 anos, até um Pet Shop na vila Industrial, que tem convênio com veterinário.

Segundo a versão da mulher à polícia, o veterinário que atendeu o animal teria dito que, em razão do local onde ocorreu a fratura, não seria possível imobilizar a pata e que o único procedimento possível, nesses casos, seria colar a pele do cão com cola instantânea para que, com o passar do tempo, o osso voltasse ao normal.

O delegado José Mario Toniato conta que Kelly, inclusive, chegou a comprar o tubo de cola, da marca Super Bonder, e a segurar o filhote para que o veterinário fizesse a colagem. “Depois de 15 minutos, ela voltou querendo que tirasse, falando que estava fazendo mal”, disse.

Como o pedido não foi atendido, a mulher procurou outro médico veterinário, que realizou alguns exames e imobilizou a pata do animal. Segundo o BO, ele teria constatado que a pele do cão estava lesionada em razão do uso da cola. Kelly alega que retornou ao Pet Shop, onde o veterinário lhe disse que atuava há 36 anos e sabia o que estava fazendo.

Ontem à tarde, o veterinário e o proprietário do Pet Shop prestaram depoimento ao delegado e reafirmaram que este tipo de procedimento é comum. Toniato explica que vai ouvir os demais envolvidos para apurar eventual crime de maus-tratos e se houve negligência ou imprudência por parte do profissional.

A reportagem do JC tentou conversar com a tutora do cão durante toda a tarde, mas o telefone de sua residência estava fora de serviço. Já o veterinário foi procurado na clínica onde trabalha, mas a informação passada por uma funcionária do local é de que ele não estava. Ela também alegou não ter permissão para fornecer o número do aparelho celular do médico.

Uso de cola instantânea não é usual em animais

A médica veterinária Maria Isabel Garib, que trabalha em uma clínica em Bauru e é formada pela Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, onde fez residência e mestrado, conta que especializou-se na área de ortopedia e nega que o uso de cola instantânea em fraturas de cães, gatos ou aves seja um procedimento usual.

“Eu fiz parte de alguns experimentos em que o máximo que a gente usa, mas como auxiliar de uma técnica operatória no osso, é uma cola feita de mamona. Mas é uma cola estéril, específica, e ela não é feita para segurar a fratura”, diz. “A Super Bonder, além de levar a uma contaminação, que vai dar uma osteomielite no cão, ainda não imobiliza coisa alguma”.

A osteomielite, de acordo com ela, é uma infecção no osso provocada por bactérias que se instalam no tecido. “Se o osso ficar contaminado, fica até impossível depois uma posterior imobilização correta da fratura”, alerta. Nesses casos, segundo a veterinária, o procedimento mais correto seria uma imobilização com placa e parafusos de aço cirúrgico.

Fonte: JCNET

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