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Zoológicos europeus questionados

16 de dezembro de 2011
3 min. de leitura
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Não é só no Brasil que os zoológicos existentes não cumprem com as necessidades mínimas de cuidar dos animais que hospedam. Apesar de normas mais restritas que as nossas, na Comunidade Européia o trabalho dos zoológicos também deixam muito a desejar.
Estas conclusões estão reunidas num extenso trabalho realizado pela respeitada ONG BORN FREE FOUNDATION ao longo do ano de 2011. O documento já tem informações consolidadas de 14 dos 21 países examinados e suas conclusões podem ser lidas no site www.euzooinquiry.eu.
O porta-voz da BORN FREE, Daniel Turner, quando informou as conclusões do trabalho, declarou: “Nossas investigações nos últimos 18 meses têm confirmado que muitos zoológicos da Comunidade Européia não cumprem com as normas estabelecidas pelas leis européias e nacionais de cada país. Como resultado disso, os zoológicos falham ao tomar as medidas necessárias para ajudar a conservar a biodiversidade e milhões de animais são mantidos em condições abaixo do normal em milhares de zoológicos.”
E Turner acrescentou: “Na União Européia, a fiscalização dos zoológicos e a proteção dos animais selvagens mantidos em cativeiro são da responsabilidade dos Estados Membros e dependem da vontade, conhecimento, experiência e recursos disponíveis que são aplicados nesta tarefa. Longe de equilibrar as operações mínimas com níveis mínimos de bem-estar animal, o trabalho mostra muita variação entre os países, pois alguns não têm condições de cumprir com as exigências mínimas. Sem a intervenção e assistência da Comunidade Européia, esta situação continuará existindo.”
Desde 2005 existe uma norma na Comunidade Européia – EC Directive 1999/ 22 – que regula a existência e funcionamento de zoológicos no continente, de forma que o mesmo cumpra as condições mínimas para garantir a proteção da biodiversidade, como também a educação do público e as condições mínimas de vida aceitável aos animais sob seu controle.
Este INQUÉRITO DOS ZOOLÓGICOS EUROPEUS DE 2011 revela que uma grande parte dessas instituições não cumpre com as normas mínimas de funcionamento e tem se convertido em meros centros de entretenimento de público, sem importar-se com a vida dos animais que exibe.
Os animais não podem converter-se num negócio em mãos de pessoas sem escrúpulos, que os manipulam, os usam e os movimentam como meros objetos. O caso do gorila de Belo Horizonte, uma espécie de conluio entre o Zoológico de Belo Horizonte e a Fundação John Aspinall, da Inglaterra (que explora dois Zoológicos), também deixou claro o que acontece diariamente na Europa. Grandes primatas e todo tipo de animais são arrancados do seu núcleo familiar e enviados a outros centros de entretenimento a milhares de quilômetros de distância, sem importar-se com os sentimentos daqueles seres. Os animais são considerados meros objetos em mãos de gente que não sabe respeitar o que é mais sagrado no Planeta: os animais selvagens, que nunca fizeram mal a ninguém.
Semanas depois de ter trazido duas gorilas jovens da Inglaterra, o Gorila Idi Amin está doente com Artrose, segundo confessou um veterinário; uma doença crônica, agravada pela falta de exercício que um primata desse porte precisa. O gorila está sendo tratado com antibióticos e antiinflamatórios e por isso sua exibição foi proibida temporariamente. Isso demonstra a improvisação de um projeto deste tipo, que custou mais de meio milhão de reais aos contribuintes da cidade.
Agora temos o caso da baleia Morgan, que, por ordem judicial, em vez de ser libertada no oceano, será enviada a um Zoológico Aquático nas Ilhas Canárias, na Espanha (Loro Parque), que tem um extenso histórico de maus tratos contra seus animais.
A cada dia mais se faz necessário reavaliar a existência de zoológicos nas sociedades humanas, para divertir o público. Eles não cumprem com a missão que também tem de proteger a biodiversidade, educar a juventude e dar uma vida digna aos animais. Na realidade se convertem em depósitos de animais estressados e doentes, que terminam morrendo prematuramente de doenças adquiridas nos próprios zoológicos, potencializadas pelo estresse gerado pelo assédio do público.

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