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Para animais, fogos podem ser motivo de estresse e surtos de pânico

27 de dezembro de 2011
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(Foto: Reprodução/ Midia News)

Sortudo é o tutor de um animal que nem se mexe na hora dos fogos ou de trovões. É desesperador ver o medo que muitos sentem com esses barulhos altos. Alguns se escondem, outros procuram os tutores tremendo e pedindo por socorro, fogem, machucam-se e, em casos extremos, até morrem, por acidente ou se tiverem problema cardíaco.
“Os surtos de pânico acontecem porque os cães e gatos têm uma audição muito mais aguçada do que os seres humanos”, explica a veterinária Janaína C. R. dos Reis, de São Paulo.
Especialistas acreditam que eles ouvem cerca de quatro vezes mais do que nós. Você pode imaginar como esses sons são apavorantes para os pobrezinhos, não é?
Com o objetivo de ajudar os animais, muitos tutores dão calmantes fortes, o que é extremamente perigoso. Exatamente da mesma forma que acontece com os humanos, remédios não podem ser administrados aos animais sem a indicação de um médico veterinário.
Ele poderá receitar medicações homeopáticas e florais que costumam ser bastante úteis para controlar o medo do seu bichinho. “O efeito é variável de animal para animal, mas na maioria dos casos surte um resultado bom”, conta Janaína. Nos casos em que a vida do animal corre perigo, o veterinário até pode receitar um sedativo.
A educadora e orientadora de cães Yara Hirano Zemdegs, de São Paulo, ensina um truque para ir, aos poucos, mostrando aos animais que os fogos de artifício não são perigosos. Na linha dos exercícios de dessensibilização, esse é um trabalho preventivo e gradativo que associa coisas positivas aos estímulos negativos (barulho) recebidos. Veja como fazer:
Procure um CD que toque as simulações dos sons de fogos de artifício, bombas, trovão e barulho de chuva. Há alguns à venda ou você pode baixar pela internet.
Comece tocando bem baixinho para o animal, em horas pontuais, como no momento em que o cão se alimenta e nas horas das brincadeiras preferidas dele, sempre com a sua presença e interação.
Faça deste momento algo bom. Brinque, converse, mantendo sempre uma atitude positiva.
Nunca aumente o som repentinamente, apenas aos poucos, e se ele não estiver notando o barulho.
Faça o exercício de forma gradativa, todos os dias, se possível. Comece com alguns segundos, até chegar a um tempo máximo de cinco minutos de treino.
Quando os fogos forem reais, tente associar com a comida ou com alguma brincadeira que ele adore. No começo ele pode não aceitar, porque o desconforto é enorme, mas com o treino isso irá mudando.
“O importante é que você fique perto dele, cuidando para que não se machuque. Nestas horas, tudo pode acontecer, desde fugas, afogamentos, ficar entalado em algum móvel até enforcamentos”, alerta Yara.
Por isso, deixá-lo preso com correntes não é a melhor solução para evitar as escapadas. O ideal é que ele realmente não tenha espaço para fugir.
Claro que os barulhos nem sempre podem ser previstos e você pode não estar presente para supervisionar. Por isso, perceba qual é o lugar que ele gosta de ficar para se esconder e torne esse canto o mais confortável e seguro possível. O algodão no ouvido não funciona 100%, mas abafa um pouco o som.
“Se o tutor não puder estar perto do animal no momento, deixe um rádio ou TV ligados, com som alto”, sugere Janaína. Lembre que os fogos de artifício não são disparados apenas na virada do ano, mas também em momentos decisivos de campeonato de futebol.
A professora de educação física Adriana Santinelli Walch, 32 anos, tem três cachorros, mas só a Nina, 10 anos, tem medo de barulho – fogos, trovões e ônibus. “Ela fica apavorada. A respiração fica ofegante, as pupilas dilatam, o corpo treme e ela procura o primeiro colo que vê pela frente. Quando o estresse é prolongado, ela nem come”, conta. Quando era pequena, a cadelinha arranhou tanto a porta em um momento de medo, que quando Adriana voltou para casa, havia sangue por todos os lados. Depois disso, ela começou os treinos de dessensibilização com Nina. Ela já apresentou algumas melhoras, mas a grande prova deve ser na próxima virada de ano. “O tratamento é longo e as melhoras são bastante lentas. Mas acho que vai valer a pena o esforço”.
A estudante de psicologia Melissa Mejitarian, 18 anos, tem em casa três cães medrosos. Quando aparece a situação de estresse, ela procura ficar perto deles. “Costumo pegá-los no colo, sentar no chão e acolher os três juntos e conversar com a voz calma”.
Muitos tutores acreditam que mimar os peludinhos enquanto estão com medo vai reforçar o próprio medo e fazê-los acreditar que há motivos para o estresse. Mas pesquisas provaram que essa teoria não faz sentido.
Ph.D. em psicologia canina e autora de diversos livros sobre comportamento canino, a norte-americana Patricia McConell escreveu um artigo sobre o tema, onde afirma que “para um cão, nenhuma quantidade de carinho faz valer a pena ter um ataque de pânico”. No entanto, conta, uma pesquisa mostrou que os níveis de cortisol (substância que aumenta quando qualquer espécie está estressada) não diminuem quando os animais recebem carinho. “Outros hormônios e neurotransmissores, no entanto, aumentam, como a ocitocina, prolactina e beta-endorfina, substâncias associadas a bons sentimentos e laços afetivos.
Então, mesmo que acariciar seu cão não diminua o nível de cortisol associado ao estresse, ele é positivo porque provoca outras boas sensações”, defende Patricia.
Portanto, se você se sente melhor ao mimar seu animal de estimação quando percebe que ele está com medo, e nota que ele também fica mais calmo, continue fazendo isso.
Fonte: Midia News

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