EnglishEspañolPortuguês

Associação de Protetores de Canoas acusa prefeitura de 'institucionalizar' abandono de animais

10 de novembro de 2011
3 min. de leitura
A-
A+
Animais perambulam em meio aos escombros na Vila Dique, em Canoas. Foto: Bruno Alencastro

A Prefeitura de Canoas pretende inaugurar, em 15 dias, um canil de passagem para abrigar animais dos moradores da Vila Dique que não puderem ser levados para a Vila de Passagem, no bairro Rio Branco. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Canoas, pelo menos 15 famílias têm entre quatro e 13 animais cada.

A responsável pela Equipe de Zoonoses de Bem-Estar Animal, veterinária Maria Luiza Albite, explicou que cada família está sendo orientada a levar os animais que declarou em cadastro prévio. “Eles não podem ser abandonados.” Segundo ela, apenas 27 famílias não possuem animais. Outras 41 famílias têm apenas um. Existem ainda 44 que possuem de dois a três – máximo permitido na Dique.

A Secretaria da Saúde esclarece que há pelo menos nove meses existe a presença constante da Equipe de Zoonoses no local. Foi providenciada a colocação de chips em 198 cães e gatos. Ao total, 248 animais receberam atendimento médico e medicamentos contra vermes e carrapatos. Cavalos também terão.

Cães abandonados em rodovia

Moradores da Vila Dique e do bairro Mato Grande, em Canoas, que estão saindo da região para possibilitar a construção da BR 448, também conhecida como Rodovia do Parque, deixam para trás seus animais, especialmente cães e gatos, devido à restrição no número de animais permitidos nas casas de passagem, onde ficarão alojados até que as residências definitivas fiquem prontas. Em área que abrigava cinco moradias já desocupadas da Dique pelo menos cinco cachorros perambulam no meio dos escombros. Enquanto isso, as famílias que ainda permanecem na área estão diante de um drama: escolher os animais que irão acompanhá-las.

A dona de casa Maria Duarte preferiu não ir para a casa de passagem para ficar com os dez cães, seis adultos e quatro filhotes. “Cheguei a cadastrar dois, mas quando me soube que teria de abandonar os outros disse que não abriria mão de tê-los comigo”, afirmou.

Também na Vila Dique, o temor da aposentada Mara Netto é a condição precária de seu barraco, que fica próximo de um córrego. “Se vier uma chuva forte tenho medo que tudo vá abaixo”, afirmou Mara. O drama é ainda maior porque não pretende abrir mão da companhia dos cinco cães e das 20 galinhas.

Na avaliação da presidente da Associação de Protetores de Canoas, Eliane Tavares, o canil de passagem “institucionalizou o abandono”. “Até que seja inaugurado, de que viverão esses animais? Como vão se alimentar? Mais pessoas vão deixar seus cães sabendo que existirá um canil”, assinalou Eliane.

A vice-prefeita de Canoas, Bete Colombo, informou que todas as famílias que ainda não foram transferidas poderão levar provisoriamente mais de dois animais, porém, assim que o “canil de passagem” ficar pronto, os excedentes serão recolhidos.

Fonte: Correio do Povo

Você viu?

Ir para o topo