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Estudo indica que animais sabem diferenciar certo do errado

10 de novembro de 2011
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução/ Hypescience

Se você tem um cachorro, pode já tê-lo flagrado fazendo algo errado. A autêntica cara de culpado que ele faz, no entanto, é que pode te surpreender. Um recente vídeo mostra um cãozinho fazendo uma comovente expressão de culpado quando o tutor descobre que ele revirou o lixo da cozinha. Será que ele sabia que tinha feito besteira?

Casos como esse são um prato cheio para o estudo da Etologia, a ciência que investiga o comportamento dos animais. A Etologia, como explicam pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA), sempre foi muito cética em considerar que os animais pudessem ter senso de moralidade, ou seja, diferenciar boa ações de más ações.

Mas uma série de estudos, ao longo dos últimos anos, tem dado evidências do contrário.

Os canídeos (família animal que abrange, além de cachorros, lobos, coiotes e outras espécies), nesse caso, são um ótimo objeto de pesquisa. Lobos e coiotes, por exemplo, apresentam um estrito código de conduta na sua vida em alcateia. Dentro do círculo social desses animais, já se observaram atos de altruísmo, tolerância, perdão, reciprocidade e justiça em estudos anteriores.

No caso específico dos cães, isso se verifica em canis de treinamento. É possível fazer dois cachorros brincarem um com o outro seguindo um complexo código de conduta. Em jogos como esses, eles latem com intenções amigáveis, rolam pelo chão se revezando no papel de quem domina (para que um dê ao outro a chance de “vencer” a luta), fazem movimentos cuidadosos para não machucar e parecem “se desculpar” quando exageram um pouco.

Entre lobos e coiotes, quebrar esses códigos de comportamento é um problema sério, que todo o resto do grupo é capaz de perceber e dar sinais de reprovação. A consequência pode ser a exclusão do grupo, o que é terrível para o indivíduo. Tudo isso é indicativo de um amplo senso de moral entre os canídeos.

O senso de justiça por parte dos cães foi comprovado por um estudo da Universidade de Viena (Áustria). Eles faziam uma pequena brincadeira de “apertar as mãos” dos cachorros, que participavam felizes sem saber se ganhariam uma recompensa. Em seguida, repetiram o experimento em outros cães, e deram a estes um biscoito depois da brincadeira. Os cães do primeiro grupo deram claros sinais de estresse, tais como latir e grunhir.

Esse senso de moral, embora seja aparentemente uma realidade, é de difícil comprovação. Analisar o cérebro de animais nunca foi uma tarefa fácil, e a missão é dificultada em casos abstratos como esse, que não são completamente compreendidos sequer em seres humanos.

Uma pista foi fornecida após um experimento do Instituto de Tecnologia do Massachussets (MIT), realizado em pessoas. Eles acoplaram um aparato magnético a uma região do cérebro chamada de junção temporo-parietal.

A ação do ímã nessa área cerebral, aparentemente, desarranjava por alguns momentos a habilidade das pessoas de fazer julgamentos morais. Quando perguntados sobre determinadas ações que eles antes julgaram imorais, os participantes as consideravam mais aceitáveis depois do experimento.

Os pesquisadores acreditam que esse mecanismo seja semelhante em animais. Embora não haja a mesma complexidade, é provável que uma única área no cérebro seja responsável por esse senso de moralidade para eles. Mas ainda é preciso, conforme admitem os cientistas, realizar estudos mais minuciosos nesse campo.

Fonte: Hypescience

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