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Pressão popular e alternativas éticas à experimentação promovem diminuição dos testes em animais

27 de outubro de 2011
4 min. de leitura
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Por John Tyler

Foto: 9c) And!/Flick CC

Desenvolvimentos recentes na Holanda confirmam esta tendência. O principal centro de pesquisa holandês, o TNO, anunciou que parará imediatamente com testes em todas as espécies de primatas (os testes em primatas mais próximos ao ser humano já foram banidos em 2003).

Atualmente, cerca de 1600 primatas são usados na Holanda em experiências para desenvolver novos medicamentos para tratar doenças crônicas e infecciosas. A maioria dos primatas usados para testes é importada da China.

Recentemente, uma iniciativa civil para banir os experimentos com gatos e cachorros recebeu apoio suficiente para ser apresentada no parlamento holandês. Acabou sendo rejeitada, mas apenas por motivos processuais.

A parlamentar do Partido pelos Animais, Esther Ouwehand, ficou satisfeita com a iniciativa e está convencida que a proibição acabará por vir.

“Pense bem no que fazemos com gatos e cachorros. Queremos uma proibição específica para isso, assim como a que conseguimos para os primatas.”

Pressão popular

O setor de pesquisa e desenvolvimento é, há muito tempo, muito importante na Holanda, e os testes em animais sempre existiram. Em 2009, o ano mais recente do qual se tem dados disponíveis, cerca de 600 mil animais foram usados para experimentos. Mas isso é menos da metade de 30 anos atrás.

A pressão popular aumentou nos últimos anos. O Partido pelos Animais – primeiro partido político no mundo expressamente fundado para representar os direitos dos animais – tornou-se um fator estável e efetivo na política holandesa. ONGs também têm muito apoio popular no país e se provaram lobistas eficientes, tanto junto ao governo como ao setor privado.

Defensores dos direitos animais também são ativos na Holanda. Já houve várias ações nas quais laboratórios de pesquisa foram ocupados para libertação dos animais.

O governo ainda permite os testes com animais, mas os pesquisadores são obrigados a reduzir, aperfeiçoar ou substituí-los assim que possível.

Alternativas

Considerações econômicas também têm um papel cada vez maior nas decisões sobre usar ou não animais para pesquisas. As alternativas são mais baratas e em alguns casos medidas de segurança aumentam o custo do uso de testes em animais.

Mesmo pessoas envolvidas com pesquisas que utilizam animais dizem que outras alternativas podem ser melhores. Jan Langermans é diretor de testes em animais no Centro de Pesquisa Biomédica em Primatas de Rijswijk.

“Acho que todos nós nos esforçamos por um mundo sem animais de laboratório. Se fosse possível, faríamos de bom grado, mas infelizmente ainda precisamos fazer testes em animais.”

O relatório anual do TNO divulgando o término dos testes em primatas indica que a motivação econômica também pesou na decisão. E o governo holandês quer promover alternativas aos testes em animais como forma de agregar valor ao setor de pesquisa e desenvolvimento.

O Instituto Nacional de Saúde Pública (RIVM) também contribuiu para a diminuição na quantidade de testes em animais em todo o mundo. Em 2006, o RIVM criou um website com dados fisiológicos e anatômicos sobre seres humanos e animais. Uma recente pesquisa entre usuários do site mostrou que ele os ajudou a evitar 20 mil testes em animais por ano.

Terceirização

Naturalmente, a pressão popular contra os testes em animais, e uma regulamentação cada vez mais rigorosa, fizeram com que muitas companhias terceirizassem seus testes para outras partes do mundo. Algumas pesquisas foram transferidas para Cingapura e China, embora os números sejam difíceis de checar. Pequim se tornou um ator importante na área de biotecnologia em parte devido ao ambiente permissivo em relação aos testes com animais.

Mas também a China está começando a abraçar alternativas, em parte porque a Comissão Europeia está considerando uma proibição a dados baseados em testes com animais. A multinacional holandesa Unilever realizou uma conferência em Xangai no primeiro semestre deste ano justamente sobre as alternativas aos testes em animais.

Além dos laboratórios na própria China, o país também é um exportador de primatas para uso em testes em outros lugares. Este também é o caso da Indonésia.

E enquanto a União Europeia já baniu testes em animais na indústria de cosméticos, e uma proibição a vendas de cosméticos testados em animais entre em vigor em breve, a China e países latino-americanos, por sua vez, exigem que cosméticos tenham sido testados em animais.

Com informações do RNW

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