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Onde houver ódio

17 de outubro de 2011
2 min. de leitura
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Em 2010 aproveitei uma estadia em Firenze e peguei o trem para Assis. Desci até a catacumba da Catedral onde está enterrado o padroeiro dos animais. O homem que fundou no século 13 princípios éticos que só começariam a ser respeitados de verdade no século 21. Não tinha como não me emocionar.

Por que estou falando de São Francisco de Assis? Na minha última coluna contei sobre uma pesquisa que liga a prática de sexo com animais com um aumento de incidência em casos de câncer de pênis. Recebi 39 comentários. Todos eram muito emocionais, o que é perfeitamente compreensível. E entre os comentários encontrei muitas frases aqui reproduzidas como vieram: “câncer é pouco para esse idiotas” e “tomara que todos morram”.

Respeito essas manifestações mas não concordo com elas. Concordo com outras, que pedem proteção legal às éguas, ovelhas, cadelas etc., que são violentadas por esses homens. Quero que essa abominação seja proibida e que os infratores sejam punidos.

Gostaria também que a zoofilia também fosse combatida através da educação e de campanhas na mídia.

Meus olhos já viram cenas horrendas, de cães sendo torturados em restaurantes chineses e peixes sendo comidos vivos. Senti repulsa de todos os humanos que provocaram tanto sofrimento. Mas nem por isso me vejo no direito de desejar a morte ou doenças terríveis contra nenhum deles. Quero apenas que parem com esses horrores já.

Não sou um santo. Sorrio com maldade quando vejo um touro enfiando meio chifre no corpo de um toureiro. Mas não desejo isso.

Não pretendo desligar minhas atividades de defensor dos direitos animais dos princípios que São Francisco de Assis citava na sua poderosa oração:

“Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. (…) Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz”.

Ainda não tenho a evolução espiritual para amar um sujeito que manda enfiar funis pelas gargantas de gansos. Mas não desejo o mal deles. Desejo apenas luz em suas trevas e esperança às suas vítimas.

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