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Por uma ação direta pedagógica

6 de outubro de 2011
3 min. de leitura
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“A filosofia tem um elemento de guerrilha e de resistência contra os dogmas que querem nos impor.
Não apenas numa busca de verdades, mas numa busca de antídotos
contra os dogmas que tentam nos impor como verdades.”
(Fernando Savater)

Todo educador vegano é por definição um ativista pelos direitos animais. Sua postura político-pedagógica de intervenção num currículo oficial (e oculto) especista, não deixa de ser uma ação direta. A ação é diretamente focada na mudança de visão e compreensão do mundo que nos circunda.  Para resgatar os alunos e alunas que estão aprisionados/confinados, em salas de aulas superlotadas (e ao mesmo tempo vazias de humanidade), sendo alimentados com uma ração-conhecimento arbitrariamente formulada para que engordem especistamente e para depois serem abatidos e consumidos pelo sistema capitalista coisificador de toda expressão de vida, os educadores veganos não precisam se mascarar, se armar com alicates, coquetel molotov e com staff veterinário e jurídico.

O rosto deve estar descoberto, e as armas devem ser uma forte fundamentação teórica e um engajamento político prático na luta pela abolição de toda forma de exploração animal, humana e não humana, e não menos ambiental. Como disse Regan: “digam o que disserem de nós, não escondemos nada. Nossas palavras refletem exatamente aquilo em que acreditamos. Somos claros e francos. Mesmo quem discorda de nós não tem problema nenhum em entender o que pensamos. O que nós pensamos é que as grandes indústrias de exploração animal estão fazendo coisas absolutamente erradas. Pensamos que a única resposta adequada ao que elas estão fazendo é fechá-las. Jaulas vazias, não jaulas mais espaçosas. É difícil alguém confundir o significado do que estamos dizendo”.

É no resgate das vidas infantis e juvenis em sala de aula que o educador vegano dá sua contribuição para o fim da exploração animal. O engajamento nessa ação direta pedagógica, na intervenção no currículo oficial neoliberal especista é movido pela inquietude diante das injustiças.

O engajamento numa educação vegana formal é muito diferente de outros engajamentos em outras ideologias políticas aplicadas a educação. Em um mundo onde o homem é a medida de todas as coisas, a luta pela expansão do círculo moral para incluir pessoas de outras espécies apresenta-se como a mais revolucionária exigência de mudança do atual sistema sociopolítico e econômico.

O educador vegano tem o dever moral de abolir todas as formas de expressão de especismo na sala de aula. Pois, em todas as matérias que compõem o currículo escolar, o especismo se faz presente. Por uma questão de princípios o educador vegano deve reformular o conteúdo de suas aulas; seja introduzindo textos, livros e vídeos que trazem os direitos animais, como fio condutor, isto é, o respeito aos direitos morais básicos dos animais não humanos como à vida, a integridade física e psíquica e a liberdade; seja utilizando os livros didáticos tradicionais. Não é necessário que o educador vegano abandone-os, pelo contrário, o conteúdo especista deles deve servir de inspiração para o docente fazer a crítica na sala de aula, mostrando toda a incoerência ética, lógica e biológica, capítulo por capítulo.

Fazer cessar a naturalidade das atitudes especistas, corriqueiras do dia a dia dos alunos e alunas não é impor o veganismo como muitos pensam. Intervir (através das ações diretas pedagógicas) na naturalização de uma cultura banalizadora do mal é a mais eficiente maneira de darmos um basta na coisificação da vida senciente. Somente uma mente já contaminada por tudo que advém do consumo diário de sequestros, confinamentos, torturas e assassinatos, consegue cogitar que o educador vegano, no seu ativismo docente está doutrinando. O educador vegano não impõe seu modo de vida, ele apresenta e discute a teoria dos direitos animais e sua base prática, o veganismo.

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