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Empresas burlam lei e alugam cães para guarda

19 de setembro de 2011
2 min. de leitura
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Durante uma noite inteira, o pit bull mestiço que guardava uma locadora de vídeo em Santos (72 km de São Paulo) chorou sem parar. Sensibilizados, os vizinhos invadiram o local para socorrer o cachorro, mas ele morreu.

O episódio, ocorrido em julho deste ano, é um indicativo do tratamento precário a que são submetidos os cães de guarda. Empresas que fazem o aluguel são proibidas na cidade, mas atuam clandestinamente e são alvo de denúncias por negar comida e abrigo aos animais.

Em São Paulo, onde o aluguel é liberado, a ONG PEA (Projeto Esperança Animal) também recebe denúncias de maus-tratos todo mês.

Em Curitiba, a delegacia de proteção ao ambiente recebe ao menos duas denúncias mensais. “Na maioria dos casos, os cachorros ficam expostos ao tempo e não têm comida nem água”, diz o delegado Ivan José de Souza.

Para conter o problema, um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados busca classificar como crime ambiental a locação desses animais.

Multas

Em Santos, a Coprovida (Coordenadoria de Proteção à Vida Animal da prefeitura) passou a multar, em julho, os clientes que alugam os animais, em sua maioria, construtoras e imobiliárias. Foram sete punições até agora.

A reportagem da Folha presenciou o momento em que uma van do Canil Barreto levou um pit bull para passar a noite em duas casas desocupadas na cidade.

O cão foi deixado no local e passou o começo do seu turno de trabalho brincando com um pote de água vazio. No Paraná, até o único canil autorizado, o Feroz Cães de Guarda, possui condenação por maus-tratos. A sentença diz que os cães sofriam “abuso de carga de trabalho” e ficavam dias sem cuidados.

Canis negam ar tratamento precário a animais
O Canil Barreto admite atuar em Santos mesmo sem estar regularizado. O proprietário, Marcos Barreto, diz que está processando a prefeitura por cassar o alvará.

Sobre o pit bull que morreu em julho, Barreto diz que faltam exames que atestem a causa da morte. Ele afirma ainda que os cães que trabalham por uma noite são alimentados no canil e têm água em abundância e uma cama para dormir.

Já a coordenadora da Coprovida (órgão da prefeitura), Leila Abreu, diz que Barreto não apresentou o alvará de funcionamento em Cubatão, cidade para a qual migrou seu canil, como exige a lei.

Em Curitiba, a Feroz nega maus-tratos e diz que nenhuma das denúncias resultou em condenação. “A empresa está buscando desenvolver o controle [dos animais] da melhor forma”, diz a advogada Carisi Miguel.

Fonte: Folha

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