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Campanha mundial: Dez mil voluntários mobilizam-se para retirar lixo das praias

16 de setembro de 2011
8 min. de leitura
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Imagem: Reprodução

Dez mil voluntários e uma intenção: retirar cerca de 50 toneladas de lixo das praias cariocas, que estão contaminando a natureza e matando os animais marinhos e silvestres. Assim promete ser o Dia Mundial de Limpeza 2011 (ou Clean Up The World), que o Instituto Ecológico Aqualung e seus apoiadores vão promover no Rio de Janeiro amanhã (17), a partir das 10 horas.

Felizmente, essa não é uma preocupação só do Rio de Janeiro. Haverá ações também no Litoral Norte paulista, entre outras partes do País. Como trata-se de um evento mundial, serão mais de 125 países e cerca de 35 milhões de voluntários em todo o globo. No Brasil, este evento já é realizado desde 1993.

No Rio de Janeiros a ideia é distribuir mais de 25 mil sacolas biodegradáveis e luvas – onde o lixo será qualificado e quantificado em uma Ficha de Coleta, possibilitando pesquisas e análises dos resíduos e microlixo encontrados, para futuras Campanhas e Soluções em prol da diminuição dos grandes problemas atuais vigentes. Leia-se o aquecimento global; as mudanças climáticas; e as doenças causadas aos seres vivos, principalmente os animais, que no frigir dos ovos, afetam a saúde do planeta como um todo.

Após a coleta – feita por duas pessoas, uma que recolhe e outra que anota as quantidades – o material será destinado às cooperativas e instituições de reciclagem. O relatório final será enviado a ONU.

A meta do Clean Up The World 2011, no Brasil, é o de coletar o maior número de materiais plásticos e recicláveis, aumentar o número de voluntários, e conscientizar a população para uma melhor gestão dos resíduos, geração de renda e menor impacto ambiental. O trabalho vai até às 13 horas, simultaneamente, em vários locais participantes. Confira os locais onde os voluntários se encontrarão no endereço: http://www.institutoaqualung.com.br/release_cleanup11.html.

No Litoral Norte paulista

Foto: Reprodução

Você também pode participar deste movimento, aderindo às atividades da sua cidade, seja através de ONGs ambientais ou individualmente. No Estado de São Paulo, por exemplo, a Fundação Florestal promove, por meio das Unidades de Conservação situadas no Litoral Norte, diversas atividades em parceria com comunidades e escolas.

O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) – Núcleo Picinguaba, em Ubatuba, fará uma parceria com pescadores da Vila Picinguaba, com os maricultores do cultivo de vieiras e alunos da escola do bairro, para fazer a limpeza desta bela praia da região Norte.

Após, o grupo segue para a Praia da Fazenda, onde será realizada a limpeza do mangue do Rio Fazenda. Por ser considerado o berçário do mar, o mangue também merecerá cuidado especial neste dia. Para o início da temporada, o mesmo grupo pretende fazer nova limpeza e confeccionar lixeiras e cinzeiros para a Praia Vila de Picinguaba.

Já o Parque Estadual da Ilha Anchieta também participará do Dia Mundial de Limpeza, promovendo um passeio de escuna com alunos e professores de escolas municipais. O ponto de encontro é o Píer Saco da Ribeira, às 8h. A maior das oito praias da Ilha, chamada Praia das Palmas, foi a escolhida para receber a atividade.

Apesar da campanha de conscientização dentro do Parque ser expressiva no sentido de destinar corretamente o lixo, muitos resíduos são trazidos pelas correntes marítimas às praias da Ilha. Após a coleta, será feita uma contagem do lixo recolhido e uma palestra sobre o tempo de decomposição de cada material e seus danos ao meio ambiente. Serão distribuídos brindes para o grupo que pegar mais lixo e para o lixo mais inusitado.

No PESM – Núcleo São Sebastião, a atividade será em parceria com o Colégio Objetivo, nos dias 24 e 25. No primeiro dia, o grupo passará pelas praias do Porto Grande, Arrastão e Praia Deserta. No dia 25, será a vez da Praia de Boiçucanga. Além da limpeza, será realizada uma palestra sobre os malefícios que o lixo traz para o ecossistema marinho. A expectativa é reunir cerca de 300 pessoas nos dois dias, entre alunos, professores e funcionários do Núcleo.

Já o PESM – Núcleo Caraguatatuba Mar realizará uma ação em prol do Rio Santo Antônio, que fica próximo à sua sede. O evento envolverá a população do bairro Rio do Ouro, que faz parte da zona de amortecimento do Parque e também servirá como comemoração ao Dia da Árvore, celebrado no dia 21. Além da limpeza das margens do rio, será feito um plantio de mudas nativas no entorno do rio. O objetivo é envolver e conscientizar a comunidade da importância de se preservar o local onde vivem, melhorando assim a qualidade de vida e contribuindo para a melhora do rio formador da segunda maior bacia de Caraguatatuba.

Na ocasião será feito o plantio de mudas de Jequitibás na trilha do parque que leva o nome desta árvore por um dia ter tido um grande exemplar de jequitibá. Na língua tupi guarani, jequitibá significa “gigante da floresta” e pode chegar até 60 metros de altura, figurando entre as maiores árvores do Brasil.

Devido a uma grande chuva ocorrida no início da década de 90, o Jequitibá caiu, deixando a trilha sem a árvore que a batizou. No dia 17, serão plantadas quatro mudas no percurso para comemorar o dia da árvore e para que as futuras gerações possam contemplar a beleza desse “gigante”. O evento tem início às 9h, com concentração na sede do Parque e contará com a participação da EMEF Bernardo Ferreira Louzada, EMEF Aida de Almeida Castro Grazioli, Comunidade Católica Divina Providência, C.A.G (Grupo de Auxílio Civil de Caraguatatuba), Curso de Guia Florestal e comunidade de entorno. O Parque convida a todos a comparecerem ao evento.

De onde veio a ideia

Foto: Reprodução

Este programa é coordenado mundialmente pelo Centro para a Conservação da Vida Marinha (The Ocean Conservancy), com sede em Washington, nos Estados Unidos, e apoiado pelo PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Todo ano a entidade organiza em conjunto com o Clean up the World – Austrália, universidades, institutos de pesquisa e associações de moradores uma campanha mundial de coleta de lixo em praias, rios e lagoas.

Os dados recolhidos são enviados ao Centro para a Conservação da Vida Marinha para tabulação e cálculo estatístico. Os resultados seguem para ONU, que é responsável pela IOC (Comissão Intergovernamental Oceanográfica). São esses resultados mundiais que permitem à IOC convencer os países a tornarem-se signatários do MARPOL Treaty, o Tratado Internacional de Controle de Poluição Marinha.

Cerca de 120 países já fazem parte desse acordo internacional, como a Austrália, Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, México, Cuba, Bahamas, Costa Rica, Reino Unido, Espanha, França, Tailândia, Índia, Angola, Nigéria e Egito. Esse número ainda é pequeno e o IOC tem um trabalho muito árduo pela frente junto aos países que não são signatários, além de incentivar os signatários a implementar de fato as resoluções de controle da poluição.

No Brasil, o Projeto Baía Viva foi o responsável pela introdução do evento em 1993. O número de voluntários vem crescendo anualmente desde então, mas muitos ainda insistem em ficar de fora do grande compromisso em defesa da vida marinha. Segundo Salvatore Siciliano, biólogo do Museu Nacional/ UFRJ e Coordenador Nacional do Dia Mundial de Limpeza do Litoral, desde o início das atividades, cerca de 25 mil pessoas unem-se a cada ano para tratar deste que é um dos maiores problemas ambientais dos tempos modernos.

O Brasil ainda tem muito o que fazer para implementar medidas concretas de controle desse tipo de dano, mas nós podemos em muito contribuir para que esse ideal se torne realidade.

Quase dois terços de todo o lixo que é encontrado pelos voluntários é algum tipo de detrito não degradável a curto prazo. São canudinhos, pontas de cigarro, tampinhas, sacos plásticos, chinelos, tudo largado na areia, representando para a fauna marinha o maior percentual de materiais ambientalmente perigosos, no total dos resíduos sólidos coletados.

Restos de redes, linhas de pesca, cordas e sacos plásticos abandonados no mar permanecem nesse ambiente por muitos anos em razão de sua baixa biodegradabilidade e acabam vitimando inúmeros animais que se enroscam e acabam morrendo por asfixia ou por inanição.

Peixes, aves, focas, leões-marinhos, tartarugas, golfinhos e baleias podem confundir os detritos que ficam boiando no mar com lulas, águas-vivas e outros alimentos que forma parte de sua dieta. Baleias e golfinhos já foram encontrados com o estômago cheio de lixo que veio das cidades.

A ponta de cigarro, o item mais coletado no mundo todo por oito anos consecutivos, tem ocasionado a morte de inúmeros animais que a confundem com ovas de peixe e a engolem. O mesmo ocorre com os sacos plásticos. Um saco plástico à deriva no mar é facilmente confundido com uma água-viva, componente alimentar de várias espécies de tartaruga-marinha. Engolindo um saco plástico a tartaruga pode morrer por asfixia.

Identificar as fontes de poluição, dar conhecimento à população dos riscos dos resíduos nos ambientes aquáticos e adotar medidas de controle são importantes metas deste evento.

Fonte: Terra da Gente

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