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Quem resgata os animais silvestres em área urbana?

11 de setembro de 2011
3 min. de leitura
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Frequentemente, moradores do Tarumã se deparam com sauins e preguiças (Arquivo/Ac)

Que a expansão desordenada de Manaus (AM), principalmente nas zonas Norte, Leste e Oeste, e a redução das áreas verdes no perímetro urbano vem provocando uma “fuga em massa” de animais silvestres desses fragmentos florestais dentro da cidade, não há dúvidas. Segundo especialistas, isso acontece há mais de uma década.

Mas essa expansão urbana também reflete em um outro problema, que muitas vezes deixa a população sem saber o que fazer: o resgate desses animais silvestres em situação de risco.

A cada dia, relatos de moradores que se depararam com preguiças, cobras, tucanos e até exemplares do ameaçado sauim-de-coleira (sauim-de-Manaus) nos quintais de casa ou às margens de grandes avenidas, como a do Turismo e a Ayrton Senna, no Tarumã, Zona Oeste, são cada vez mais comuns.

Depois do espanto, a primeira reação de quem se vê de frente com um desses animais fora de seus habitats é perguntar: “E agora?”, indaga a empresária Simone Sales de Almeida, 37, moradora do Tarumã. Pelo menos essa foi a reação dela nas três ocasiões em que encontrou animais silvestres no quintal de casa.

“Mudei há dois anos para o Tarumã, e notei que nesse período o desmatamento cresceu e os animais começaram a aparecer no quintal. Alguns estavam feridos, mas não sabíamos a quem recorrer”, contou.

Simone disse ter tentado ligar para o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e para o Refúgio Sauim Castanheiras, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), mas não conseguiu contatar as equipes de resgate, por ser final de semana. “Um sauim veio parar no meu quintal e estava com um filhote. Os cachorros acabaram atacando a mãe, que ficou ferida.”

Era final de tarde de sábado e, sem conseguir contato com os órgãos ambientais, Simone decidiu levar os animais até o Refúgio Sauim Castanheiras, que fica do outro lado da cidade, na Zona Leste. Mas no meio do caminho mãe e filhote estavam mortos. “Não sabíamos que é errado capturar os animais nessa situação de estresse. Depois viemos saber que a mãe matou o filho sufocado, dentro da caixa em que estavam, provavelmente por estresse e medo.”

E Simone tinha razão, segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Paulo Carneiro. De acordo com ele, animais silvestres não devem ser capturados por pessoas não capacitadas, para evitar lesões, estresses e até a morte dos animais. “Sem falar no risco que esse contato pode levar, também, às pessoas, que podem ser contaminadas por uma zoonose ou até atacadas pelos animais.”

Segundo o superintendente do Ibama, Mário Lúcio Reis, o Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), no São Jorge, Zona Oeste, não pode aceitar animais silvestres resgatados e levados pela população. Reis explicou que o Cigs só recebe animais já cadastrados pelos órgãos ambientais, que são os únicos que podem encaminhá-los para lá. A população deve acionar um dos órgãos ambientais, como Sauim Castanheiras, Ibama ou Batalhão Ambiental da PM.

Fonte: A Crítica

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