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A população do lince ibérico sempre foi escassa na Península Ibérica

23 de agosto de 2011
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Foto: Reprodução/ Naturlink

Os linces ibéricos (Lynx pardinus), o animal mais ameaçado da Europa, têm apenas uma linhagem genética, a mesma que mantém a espécie desde há 50.000 anos. Assim, esta escassa diversidade genética não é um perigo à sua sobrevivência mas sim uma consequência da evolução deste felino na Península, segundo um estudo publicado na revista científica “Molecular Ecology”.

Até agora, os conservacionistas pensavam que a pouca diversidade de linhagens que existe na atualidade era devido às mortes e à escassa reprodução dos linces ibéricos provocados pela destruição do seu meio ambiente, conduzindo a existirem actualmente apenas 270 exemplares em populações isoladas no sul da Península. De fato, esta mesma escassa diversidade do DNA também existe em outras espécies de felinos, como os leopardos e os leões da cratera de Ngorongoro (Tanzânia) e também é atribuída às alterações climáticas durante a última glaciação ou pela atividade humana.

O trabalho, realizado por investigadores espanhóis, baseia-se nas sequências de DNA mitocondrial, que se herda das mães, de 19 fósseis de lince encontrados em diversos depósitos espanhóis do Pleistoceno e do Holoceno, para além de alguns restos que se encontravam em alguns museus. Os mais antigos são de há 50.000 anos. Segundo explica Juan Luis Arsuaga, diretor do Centro misto UCM – Instituto de Saúde Carlos III da Evolução e Comportamento Humano, centraram-se em 183 pares de bases genéticas que estão numa região que se podem experimentar muitas mutações.

“Foi uma surpresa comprovar que a mesma linhagem que existe desde há 50 mil anos atrás é a mesma que existe agora. Uma explicação poderia ser a baixa taxa de mutação, mas é muito pouco provável. O mais certo é que a população sempre foi pequena assim como as variações genéticas que se acumularam”, aponta Arsuaga.

Lalueza-Fox, um perito em sequenciar DNA antigo, que analisou 3 dos fósseis, argumenta que “um dos fatores que pode limitar o seu número foi a sua excessiva especialização numa alimentação específica, o coelho. Do outro lado dos Pirinéus existe uma outra espécie de lince.” Crê-se que ambos ramos, a Ibérica e a Euroasiática, se separaram há cerca de 1,6 e 1,2 milhões de anos, depois do seu ancestral comum que veio da América do Norte ou de África, algo que ainda não se tem a certeza.

No total, os investigadores estimam que não chegaram a existir mais de 8.000 fêmeas de lince ibérico no seu momento mais alto. Embora esta escassa variação genética ter aumentado o perigo de extinção, porque faz com que a espécie seja mais vulnerável a qualquer alteração climática ou a alguma doença, o certo é que esta espécie sobreviveu.

Fonte: Naturlink

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