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Cavalos selvagens voltam a povoar as estepes da Mongólia

2 de agosto de 2011
3 min. de leitura
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Por Haroldo Castro

Duas éguas e um potro nascido neste ano (Foto: Haroldo Castro)

O último cavalo selvagem observado em seu habitat natural foi no deserto de Gobi, na Mongólia, em 1968. Depois, ninguém viu outros indivíduos da espécie e esta foi considerada extinta na natureza pelos biólogos.

Entretanto, vários zoológicos na Europa e nos Estados Unidos confinavam, na ocasião, centenas de cavalos selvagens. Uma mobilização conservacionista, financiada pelo governo da Holanda e liderada por duas ONGs ambientalistas fez com que alguns animais retornassem à terra de seus antepassados.

Em 5 de junho de 1992, para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, 16 cavalos Przewalski – nome do coronel russo que identificou a espécie em 1880 –, nascidos em diferentes zoológicos europeus, chegaram à Mongólia. Dois anos depois, findo um longo período de quarentena e de adaptação, os animais foram reintroduzidos no Parque Nacional Hustai, com direito a festa e discursos.

São os descendentes destes animais que viemos ver. Chegamos em Hustai no final da tarde e imediatamente contato um guarda-parque da reserva. Mesmo com o céu escuro e nublado e o relógio passando das 19 horas, temos a permissão para ingressar no Parque Nacional para tentar encontrar alguns takhis (nome do animal em mongol). Rodamos alguns quilômetros e avistamos um grupo de oito animais.

O Equus caballus przewalski (ou Equus przewalski) é o único cavalo selvagem existente no planeta. Todos os cavalos domésticos – dos pangarés que puxam carroças aos velozes cavalos de corrida – descendem de uma mesma origem comum.

O takhi possui um pescoço curto e uma crina dura, empinada e pequena. Visto de frente, ele parece ter uma cabeça fina, alongada, como seu primo doméstico. Contudo, de perfil, sua cabeça é gorda e cheia, com uma mandíbula mais pronunciada. Seu corpo é cor de canela ou areia; suas pernas, crina e cauda são mais escuras, quase negras. Possui também uma fina linha marrom ao longo da espinha dorsal. Sua barriga é mais clara, quase branca. Não passa de 300 quilos.

Hustai possui a maior população de takhis do mundo. Quando visitei o parque pela primeira vez em 2007, havia cerca de 200 cavalos e 90% tinham nascido no local. Hoje, a população subiu para 260 animais. Esse aumento de 30% em apenas quatro anos demonstra que o processo de reintrodução dos animais selvagens em seu habitat natural foi totalmente exitoso.

Hustai está localizado a 47º de latitude Norte – no Hemisfério Sul, essa latitude corresponderia à Patagônia – e possui um clima rigoroso. Os extremos de temperatura variam de 50º C negativos no inverno a 42º C no verão. Assim, as condições de vida são difíceis para os takhis. A taxa de sobrevivência é de 50% e, para cada quatro potros que nascem, um é devorado por lobos.

Os 50.600 hectares da reserva são monitorados por dezenas de guarda-parques montados a cavalo ou em motos. Desde que Hustai foi oficializado como Parque Nacional em 1997 não é permitida a entrada de animais domésticos – com exceção dos cavalos do parque. Como o gado bovino e caprino dos nômades não usa o pasto, a vegetação natural é mais alta. Mas, com o aumento da população dos takhis e a inexistência de qualquer cerca que separe a reserva das pastagens dos nômades, o perigo de eventuais cruzamentos entre os animais domésticos e selvagens aumenta anualmente. Depois dos lobos, este é o maior cuidado a ser tomado.

Algumas fotos adicionais dos cavalos selvagens no Parque Nacional Hustai:

(Foto: Haroldo Castro)
(Foto: Haroldo Castro)
(Foto: Haroldo Castro)

Fonte: Viajologia

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