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Um país para os chimpanzés

30 de julho de 2011
3 min. de leitura
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Créditos: Friends of Washoe

Pode ser qualificada como utopia, ou uma ideia irracional, ou uma proposta demagógica. Porém, é uma ideia instigante e talvez um sinal de solução para salvar uma espécie condenada irremediavelmente a extinção se algo dramático não for feito nas próximas duas décadas.

Os autores desta “proposta” são os responsáveis por ter aberto ao conhecimento do mundo do que é um chimpanzé, e até onde ele é similar a nós. Washoe, a chimpanzé que morou na casa de Roger e Deborah Fouts até os cinco anos de idade, que aprendeu a linguagem dos sinais, e que acreditava ser humana e que os chimpanzés eram “uns bichos peludos”, foi motivo do livro Next of Kin. O livro os descobriu para o mundo e foi traduzido em dezenas de idiomas, inclusive o português (sob o título Nosso Parente Mais Próximo).

Washoe transmitiu os conhecimentos adquiridos para sua família e chegou a comunicar-se pela linguagem dos sinais, usada pelos surdos-mudos. O casal Fouts esteve no início do mês em Barcelona, em um museu da cidade num bate papo “Conversando com chimpanzés”.

Na ocasião, a proposta instigante saiu dos lábios e cumplicidade de ambos, diante da grande pergunta: o que fazer para evitar a extinção da espécie Pan (Homo) troglodytes? O cativeiro não é solução, é um remendo desesperado para salvar as vidas iminentes de serem ceifadas pela truculência humana. A solução definitiva é dar um país a eles, onde tenham soberania, direitos, normas e garantias. Um país onde não existam traficantes de animais, caçadores emboscados, nem humanos que os tentem explorar. Um país que eles já tinham e lhe foi arrancado pela cobiça de mineradores, zoológicos, circos, traficantes, empresários do show business e dezenas de outros humanos irracionais. Um país com uma selva densa, que lhe sirva de refúgio, e que os proteja dos inimigos de ontem, hoje e do futuro. Um país que era deles e lhes foi roubado. Todos os chimpanzés do mundo vão ter o direito de ser transferidos para lá, não serão exibidos mais em zoológicos, não trabalharão em circos, nem serão “pets” em casas de humanos; não serão mais necessários os Santuários para abrigá-los. O único Santuário será o país dos chimpanzés, no centro da África, de onde eles saíram para espalhar-se, contra sua vontade, no mundo.

Foto: Daily Mail

A ideia genial dos Fouts talvez seja uma utopia, porém é também um desafio. Eles têm direitos, tinham um país que lhes foi arrancado; a humanidade, se ela existe, pode fazer agora justiça e devolver-lhes a Pátria que era deles antes de existirmos como espécie. No fim, eles estavam aqui antes que nós e têm o direito adquirido, que nós temos usurpado.

A solução está dada… Quem terá a coragem de implementá-la? É uma utopia, porém com alguma chance de ser realidade! Lutemos por ela! O mínimo que podemos fazer por uma espécie com tão profundos laços genéticos e históricos.

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