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Aprendendo pela dor

14 de julho de 2011
4 min. de leitura
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Eu parei de comer animais e os derivados faz 19 anos. Sinto-me bem e, comparada com pessoas da minha idade que comem carne, a minha saúde é muito boa. As pessoas sempre ficam chocadas quando revelo a minha idade atual porque pareço mais jovem do que sou.

Estava vivendo uma vida vegana com todas as consequências boas, pensando que eu estaria livre das consequências negativas de quem adota uma dieta não-vegetariana. É o que eu pensava…até o dia em que a minha mãe visitou o cardiologista e descobriu que tinha três bloqueios nas artérias do coração. Ela teve que ser operada e os médicos fizeram um by-pass triplo. A operação durou três horas e ela ficou na UTI quatro dias depois, recuperando-se. Ela passou mais seis dias no hospital e depois foi para outro lugar em que ela receberia mais atenção médica. Durante estes dois meses, perdi muitos dias do meu trabalho para ficar com ela. Mas graças à empatia (o pai do meu chefe também passou por essa mesma cirugia faz um ano), ele não me despediu do meu emprego.

Estou super feliz que minha mãe saiu bem da cirugia. Ela finalmente voltou para casa e está indo bastante bem e graças à ajuda das enfermeiras que visitam a casa diariamente, ela pode viver sozinha e tomar conta de si mesma – finalmente, depois de 65 dias.

Adivinhe quantas vezes entre esses dois meses e meio um médico ou enfermeira falou com ela sobre a dieta: zero! Adivinhe qual é restauranteno primeiro piso do hospital, que serve os médicos especializados em cardiologia: McDonald’s. Adivinhe o que eles serviram a ela depois da cirugia todos os dias como café da manhã: ovos, presunto, e toucinho.

Entendi bem depois desta experiência que não importa o quanto eu me esforce para viver bem a minha vida vegana. Se as pessoas na minha família e os meus amigos não seguem uma dieta vegana, eu vou também compartilhar as consequências negativas de suas dietas e estilos de vida! A minha mãe disse à minha tia: “Eu devia ter prestado mais atenção quando Melissa me recomendou que me tornasse vegetariana, há 18 anos atrás”.

O cardiologista disse à minha mãe que não tem implicações na saúde comer frango e peixe. Pode acreditar?

Vi o filme “Forks over Knives” que é um documentário que mostra que depois de muitos anos de investigações, foi descoberto que a eliminação de carne e derivados da dieta pode diminuir a possibilidade de enfermidades como câncer, doenças cardíacas e enfartos e que pode até revertê-las.

Suponho que com a minha vida de ativista, eu tenha influenciado muitas pessoas, mas como pode ser que a minha própria mãe (e meus outros parentes) nunca tenham me ouvido?

No dia em que a minha mãe passou pela cirurgia, um dos meus irmãos, Joseph, pediu um prato vegetariano, mas o outro irmao pediu frango. Este fim de semana, Joseph me contou que ele estava preparando um churrasco para os amigos. Ele não aprendeu a lição, infelizmente, e está repetindo a mesma má escolha que causou a doença do coração que tem a minha mãe. Quero chorar e gritar!

Então, o que nós, como veganos, podemos fazer nesta situação? Será que recusamo-nos a ajudar os outros a menos que sejam veganos ou vegetarianos? Vamos tentar usar o medo da cirurgia, como forma de influenciá-los às melhores decisões? Vamos deixar a sociedade carnívora e ir viver em uma comunidade vegana? Vamos tentar mostrar aos que comem  carne que há uma diferença entre a vida longa e qualidade de vida? Será que basta aceitar que cada pessoa tem de aprender a sua própria lição e que é possível que, apesar de tudo, a pessoa nunca poderá entender a conexão entre o que comemos e como a dieta com carne e derivados afeta nossa saúde?

Uma coisa que aprendi é que comer carne não só tem um impacto na saúde humana, no meio ambiente e nos animais, mas também nos relacionamentos.

Só espero que a minha mãe entenda, um dia, que tem sido dada uma nova chance a ela e que ela vai ser responsável desta vez por tomar decisões melhores para que ela viva uma vida longa e feliz!

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