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Ciência obsoleta emperra avanços médicos

13 de julho de 2011
6 min. de leitura
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Dr. Ray Greek

Tradução de Lobo Pasolini (da Redação)

Drogas desenhadas para os genes específicos de uma pessoa eliminaria efeitos colaterais, mas essa utopia médica requer pesquisa baseada em humanos e não em modelos animais. Essa afirmação foi feita pelo Dr. Ray Greek em um artigo para o website australiano The Scavenger.

O Dr. Greek é o co-fundador e presidente da Americans For Medical Advancement (AFMA), uma organização sem fins lucrativos baseada na Califórnia. Ele também já publicou dois livros sobre o tema da pesquisa com animais.

Com a publicação do genoma humano em 2003 e vários outros genomas desde então, os cientistas continuam na viagem de descoberta evolucionária feia por Charles Darwin há mais de 160 anos a bordo do navio H. M.S. Beagle. Quanto mais os cientistas estudam o mundo natural, mais eles aprendem sobre as similaridades e diferenças entre humanos e não-humanos.

Nós todos evoluímos de um ancestral comum por isso nós temos propriedades e características em comum. No entanto, nós também evoluímos em ambientes diferentes e em caminhos diferentes durante milhões de anos, daí a diferença profunda entre espécies.

O Projeto Genoma Humano teve várias implicações para a pesquisa e prática médica. A ciência agora entende que mesmo gêmeos idênticos não sofrem do mesmo efeito colateral de uma droga e porque um gêmeo pode sofrer de uma doença e o outro não. Uma lista crescente liga genes específicos à doenças específicas, colocando-nos em um turbilhão de uma promessa veloz de revolucionar a medicina.

Isso deveria em breve nos dar avanços em tudo, desde o mal de Huntington à perda de cabelo. Imagine o fim de reações adversas às drogas. Os efeitos colaterais se tornariam um pequeno ruído na história médica. Essas são as promessas da medicina personalizada. Prontos para isso? Bem, nós ainda estamos esperando.

Nossa era é cheia de possibilidades. Apesar disso, muito pouco está acontecendo. Menos drogas novas estão sendo aprovadas a cada ano enquanto um número cada vez maior está sendo re-etiquetado ou retirado.

Reações adversas a drogas continuam sendo a principal causa de morte nos Estados Unidos, mais do que acidentes de trânsito e com armas. São 100 mil por ano. Com estatísticas como essas, quem pode tomar remédio com confiança? E o que está se pondo entre os consumidores e a prometidas curas de alta tecnologia?

São os beagles.

Os beagles são os caninos mais usados na experimentação animal. Como animais de laboratório, eles são tão numerosos quanto os macacos, embora percam em bilhões para os ratos. Qualquer que seja a espécie, os animais de laboratório são a base de um mito perpetrado como realidade – pela indústria, política, agências financiadoras, lei, spin doctors, educação e economia.

O mito é assim: os animais servem como modelos preditivos válidos para respostas médicas humanas. Esse mito é falso, como foi revelado por enorme evidência contrária.

A sociedade está na beira de ter medicações desenhadas para o indivíduo. Chega de um modelo tamanho único com todos os efeitos colaterais. Mas essa utopia está sendo emperrada por uma ciência atrasada e um punhado de convenções ineficientes e até mesmo perigosas que usam o modelo animal. Os animais simplesmente não podem prever a resposta humana à drogas e doença.

Por causa da pesquisa em biologia evolucionária e evidência empírica, nós agora entendemos porque as coisas são assim. Resumindo, cada espécie é diferente. Embora isso possa parecer óbvio, levou décadas para os cientistas processarem essa observação intuitiva e concluírem que experimentar em animais não é a melhor forma de encontrar curas para humanos.

Não é de surpreender que pesquisadores que usam cobaias, criadores, lobistas, instituições de pesquisa, políticos e firmas de relações públicas têm com sua prioridade, não a defesa da saúde e segurança, mas a preservação de seus altos salários e empregos. Os americanos deveriam exigir mais inovações pelos US$30 bilhões em pesquisa que o National Institute of Health (NIH) gasta todo ano.

Nossa medicina personalizada, já muito atrasada, demanda pesquisa baseada em humanos. Todas as famílias, consumidores, pacientes, deveriam exigir o fim da pesquisa com animais como substitutos humanos porque a pesquisa baseada em humanos é a única forma que curas para a AIDS, câncer, Alzheimer e outras doenças serão alcançadas. Mas não é de surpreender que o interesse disfarçado de alguns grupos esteja entrincheirado com o modelo animal.

Essa comunidade se defende contra os ataques à pesquisa com animais com um barragem de dados que não são compreensíveis para a maioria das pessoas. O fracasso de se buscar e capitalizar as maravilhosas oportunidades feitas possíveis pelo Projeto Genoma Humano seria defensível se as quantias em dólares para a pesquisa tivessem menos zeros e se tantas vidas não estivessem na balança. Mas não é esse o caso.

Muitas pessoas inadvertidamente consideram a experimentação animal como sendo um ‘mal necessário”. Elas permanecem ignorantes que uma farsa de grande escala e muitos tentáculos os impedem de ter acesso à curas reais. A experimentação animal faz um paralelo contra a indústria da energia. Os lobistas do petróleo conseguem as isenções de imposto, todos os contratos e o dinheiro da pesquisa. Enquanto isso, empresas que trabalham com fontes de energia sustentáveis ficam no escanteio porque eles não são beneficiadas pelo critério de priorização. O mesmo favoritismo satura a pesquisa médica.

Farmacogenomia, toxicogenomia e outras metodologias de fronteira poderiam reduzir significantemente o tempo e custo do desenvolvimento de novos tratamentos, sem contar que elas poderiam fazê-los mais eficientes e seguros. O problema é que todo o aparato de desenvolvimento de novas drogas está preso em uma farsa fundada pelo governo, que é tragicamente ineficiente.

Pedidos de verbas do NIH para pesquisas com animais são recheados de promessas de resultados preditivos. Centenas de milhões de animais e dezenas de bilhões de dólares mais tarde, uma possível medicação chega até os testes clínicos.

Noventa e nove por cento das vezes a droga esperada não produz os resultados desejados. O que aconteceu? Os consumidores, cujos 25.000 genes sobre os quais os cientistas agora sabem muito, estão sendo feito de trouxas.

O peso da responsabilidade da mudança não está na comunidade científica, mas também no sistema judicial, regulamentadores, legisladores, a mídia e aqueles que votam com sua carteira. Em outras palavras, todos nós.

Beagles, camundongos, macacos, gatos e incontáveis outros animais têm coisas em comum com os humanos. Eles são senscientes, tem corações que bombeiam sangue e fígados que metabolizam drogas. Mas eles não podem prever o que uma droga ou doença vai fazer com humanos. Por esse motivo apenas, eles não deveriam ser usados.

Já passou da hora dos pesquisadores terem abandonado os animais e começado a usar métodos de confiança, éticos e preditivos baseados em humanos para encontrar curas para doenças.

Traduzido do original em inglês publicado pelo The Scavenger.

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