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Pecuaristas criam medida para esconder crueldades praticadas contra animais nas fazendas

16 de junho de 2011
3 min. de leitura
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Por Vanessa Perez e Fernanda Franco (da Redação)

Foto: Mike Glover/Huffington Post

Gravações secretas representam uma grande ameaça à indústria da pecuária, pois revelam as crueldades praticadas contra animais, nas fazendas. Por conta disso, pecuaristas têm unido esforços para banir filmagens secretas que flagram e denunciam o abuso aos animais por meio de uma medida proibitiva, em Iowa e outros estados dos EUA.

Segundo informações do jornal Huffington Post, a medida de Iowa proíbe gravações a respeito do tratamento dos animais confinados em fazendas de criação e punirá as pessoas que arranjam empregos na indústria agropecuária só para ter acesso aos animais e às filmagens. As sanções propostas incluem multas de até 7.500 dólares e até cinco anos de prisão para quem mostrar a terrível verdade por trás dos bastidores dessa indústria cruel.

A questão tem incomodado bastante os pecuaristas que enriquecem às custas da tortura, confinamento e exploração de animais criados para o consumo, já que os vídeos denunciam as condições cruéis a que são submetidos porcos, vacas e galinhas durante as etapas de criação industrial.

Os fazendeiros alegam que os vídeos são “mentirosos” e unem esforços para impedir que esses vídeos sejam produzidos e divulgados. Ativistas dos direitos animais alegam que os pecuaristas querem impedir o público de ver como seus animais são tratados.

“Uma fazenda ‘bem administrada’ nada tem a esconder”, disse Emily Vaughn, gerente do programa nova-iorquino Slow Food EUA. “É algo que as pessoas têm o direito de saber”.

Operadores de Iowa começaram perceber os problemas desde que ativistas distribuíram uma série de vídeos que mostravam os maus-tratos aos animais, de porcos sendo espancados até a pintinhos sendo moídos vivos.

Em alguns casos, os operadores admitiram que os vídeos deflagravam problemas, mas eles disseram que os ativistas deveriam “relatar os maus-tratos diretamente para os gestores das fazendas ao invés de divulgarem as imagens ao público”.

A legislação ainda bate de frente com a forte oposição de grupos de defesa dos animais.

A Humane Society dos Estados Unidos estava entre os líderes na luta contra as medidas em Iowa e outros estados. A porta-voz da Humane Society, Carol Rigelon, disse que os adversários tiveram o cuidado evitando classificar a agricultura como uma indústria.

“O que estamos tentando fazer é expor as coisas que não poderiam ser expostas”, disse Rigelon.

Nota da Redação: Um tratamento verdadeiramente digno aos animais é deixar que vivam livres, na natureza. Enquanto houver uma indústria que utilize os animais para servir aos interesses humanos haverá exploração e, portanto, maus-tratos. No conceito de abuso aos animais, estão inclusos: confinamento, criação para o consumo, tortura e todo tipo de interferência que viole o direito dos animais à liberdade, à vida e à integridade. Essa medida que visa proibir a transparência do horror vivido pelos animais criados nas fazendas é mais uma tentativa desesperada dos exploradores de esconder a crueldade dos olhos da sociedade. A preocupação dos exploradores tem lógica: sustentam esta cadeia de sofrimento os consumidores que ainda se alimentam ou utilizam produtos de origem animal. Mas muitos consumidores se tornam vegetarianos ao saberem das atrocidades vividas pelos animais nas fazendas. Para que haja uma mudança significativa no comportamento das pessoas é necessário que possam acessar a verdade sobre o que consomem: e para a indústria que existe às custas da exploração e da morte de animais e que ganha às custas de muita sujeira e crueldade contra seres indefesos, claro que paredes de vidro não interessam.

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