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Banco de sangue animal cadastra cães doadores no CE

6 de junho de 2011
5 min. de leitura
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Christiane myrta e Samara Cavalcante estão otimistas com o novo serviço e esperam contar com a sensibilidade e solidariedade dos proprietários de cães na campanha. Foto: Divulgação

Já está funcionando no Ceará, o primeiro banco de sangue animal. Instalado no Laforvet, desde maio realiza a campanha “Seu cão pode salvar uma vida, faça dele um doador”. As médicas veterinárias, Christiane Myrta e Samara Cavalcante, respondem pelo novo serviço e mostram-se otimistas. Esperam contar com a sensibilidade e a solidariedade dos tutores de cães para aderirem à iniciativa. As vantagens do banco de sangue são inúmeras. Assim como no atendimento para humanos, nos animais as doações podem salvar vidas nos casos de traumas, cirurgias e doenças em que há grande perda de sangue. Os tutores de cães que querem aderir à campanha vão poder ter a saúde do animal permanentemente monitorada. Para participar, basta entrar em contato com o banco e agendar uma visita.

A campanha já circula nos busdoors da cidade, folders, no site do Laforvet, clínicas veterinárias e cadastro de tutores. Para ser um doador, o animal deve ter entre 1 e 8 anos, ser de raça de grande porte e pesar, no mínimo, 25Kg. A triagem para avaliar a saúde do cão inclui três etapas.

Na pré-triagem, os tutores de animais que atendam às condições básicas serão entrevistados para se obter o histórico de saúde do candidato. Durante a entrevista, é obrigatória a apresentação da carteira de vacinação.

Inspeção geral

“Na triagem clínica, será realizada uma avaliação física com inspeção geral, verificação dos sinais vitais, tais como temperatura, frequência cardíaca e respiratória, e do peso”, explica a veterinária Christiane Myrta. Ela diz que existem cerca de 11 tipos de sangue nos cães, mas a tipagem ainda não é utilizada como rotina. Havendo regularidade nas doações, o Laforvet fará exame para identificar o tipo Antígeno Eritrocitário Canino (sigla em inglês DEA 1.1), que causa mais reação em transfusões.

Na terceira etapa, é feita a triagem laboratorial. “O sangue do doador é colhido para realização dos exames laboratoriais de triagem, tais como hemograma completo, pesquisa de hemoparasitas, como Ehrlichia e Babesia, e provas bioquímicas”, explica Samara Cavalcante, complementando que outros testes de seleção são realizados para evidência de infecção com o protozoário Leishmania (calazar), Dirofilaria immitis (verme do coração) e Bucella canis (brucelose).

Se o doador apresentar alteração em algum dos exames realizados, o tutor será orientado a procurar o veterinário clínico do animal para a devida atenção de saúde.

Segurança

A doação é totalmente segura. Obedece as mesmas exigências no serviço para humanos. A coleta do sangue é feita com material estéril, descartável e padronizado. Assim, fica assegurada a segurança tanto do doador como do receptor da bolsa de sangue. “O volume máximo colhido é de 450ml”, afirma Samara Cavalcante.

Conforme destaca, nesta quantidade, o doador pode participar quatro vezes por ano, em intervalos médios a cada dois meses. “Em dois a três dias, o volume de sangue será reposto no doador. E de duas a três semanas, o cão já terá a quantidade de células sanguíneas recuperadas”, explica.

O procedimento da doação não é doloroso e leva entre 10 e 30 minutos. As veterinárias apontam que, eventualmente, o cão doador poderá ser solicitado antes do prazo de dois meses, por motivo de urgência. Porém, asseguram que isto não comprometerá a saúde do animal. Após a doação, elas orientam que o animal deve ficar em repouso e evitar exercícios extenuantes por dois dias. Precisa ter água à disposição para repor o líquido perdido e receber boa alimentação.

“Se o animal não possui as condições básicas para ser um doador, o tutor pode ajudar informando a outras pessoas a importância deste grande gesto. Trata-se de um ato de solidariedade. O cão não pode decidir ser um doador, mas o tutor, sim, pode escolher ser solidário e salvar vidas”, afirma Samara.

Segundo ela, receber sangue não é um tratamento, mas auxilia o cão a ter uma sobrevida para que o veterinário clínico possa realizar os procedimentos de médio a longo prazo.

Nos casos de emergência por atropelamento, a bolsa de sangue torna-se essencial. Em neoplasias (câncer), o cão que recebe células sanguíneas novas tem melhoria no estado geral do organismo. Nos quadros de doenças imunológicas, como a Anemia Hemolítica Autoimune, onde há destruição das hemácias no organismo, a transfusão permite uma recuperação sistêmica, com a reposição das hemácias saudáveis. Segundo Christiane, as vantagens do banco de sangue estão na garantia de qualidade do sangue doado. Ela adianta que o doador regular, se precisar de bolsa de sangue, poderá ter um atendimento diferenciado no banco, com até 100% de gratuidade.

O banco de sangue do Laforvet é o primeiro do Ceará e um dos pioneiros no Nordeste. Antes só havia unidades do tipo no Sul e Sudeste. No Estado, conta com o apoio da Avipec, Com Leal Produtos Veterinários e também da Gireze. Sem o banco de sangue, geralmente, os veterinários utilizam seus animais como doadores. A partir de agora, o setor conta com uma alternativa de serviço.

As veterinárias afirmam que estão abertas a esclarecimentos para os profissionais da área, bem como pretendem participar de eventos da categoria para divulgação do novo serviço. O Laforvet está no mercado há 18 anos e também realiza exames laboratoriais tais como hemograma, parasitológico (fezes) e urina.

Para a diretora administrativa da Avipec, Meibe Freitas, a iniciativa do Laforvet é inovadora e acompanha tendência verificada em todo o mundo. Cada vez mais os animais são tratados como membros da família. Portanto, requerem serviços e produtos com a mesma qualidade que os ofertados no mercado para humanos.

“A doação de sangue é um ato de amor. O banco do sangue vem para acrescentar na mudança de postura em relação ao animal. O cão, cada vez mais, ganha espaço no lar e precisa ser tratado com respeito, tem sentimentos”, afirma ela, complementando que a ideia das duas veterinárias é “fabulosa” para o setor. Ela também destaca que já faz parte da política da Avipec apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento do mercado veterinário.

Informações

Banco de Sangue Animal do Laforvet. Rua Joaquim Torres, 941, Joaquim Távora, Fortaleza (CE)
www.laforvet.com.br[email protected] / (85) 3264.1075/3264.4703

Fonte: Diário do Nordeste

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