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Fim da linha

5 de junho de 2011
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Ouvi de longe o som do trem vindo. Por menos idade que tivesse, sabia que a fumaça que fazia desenhos bonitos no ar como a das nuvens, tinha com elas uma grosseira diferença: enquanto nuvens eram de água, a fumaça forçada da locomotiva era de árvore morta. Questionei meus pais a respeito e o que ouvi foi que o homem sempre precisou da natureza para andar nos trilhos e avançar. Que poderia esperar? Eu era descendente de uma família de lenhadores, e as mulheres da família, sempre servis, jamais abriram a boca para reclamar em benefício das árvores, das aves que precisam das árvores, do solo, que precisa da sombra e das folhas que caem no chão, ou dos macacos que pulam de uma árvore a outra, e de todos os outros animais, que, sem árvores, morrem de fome. Anos se passaram, e hoje a velha ferrovia está desativada. Os trilhos sumiram com a grama e a nobre estação virou um belo museu indígena com arte feita de madeira reciclada dos vagões, dirigido por mim, e cuja arte meu velho pai está aprendendo a valorizar. A triste herança familiar de matadores de árvores havia encontrado naquele jovem garoto indignado o fim da linha.

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