EnglishEspañolPortuguês

Relatos de ex-caçadores de peixe-boi ajudam no desenvolvimento de medidas de proteção

12 de maio de 2011
2 min. de leitura
A-
A+
Cientistas do Instituto Mamirauá realizam encontros regulares com ribeirinhos visando proteger o animal
Diálogo entre cientistas e ribeirinhos resulta em importantes estudos sobre o peixe-boi. Foto: Divulgação

Cientistas do Instituto Mamirauá e ribeirinhos ex-caçadores de peixe-boi querem estreitar os laços para, juntos, desenvolver medidas de proteção do animal.

Para isso, realizaram no último final de semana o 3º Diagnóstico Rural Participativo Encontro de Conhecedores de Peixe-Boi da Reserva Amanã (DRPs), realizado na comunidade Boa Vista do Calafate.

O encontro foi uma iniciativa do Instituto Mamirauá, por meio do projeto Conservação de Vertebrados Aquáticos Amazônicos (Aquavert), com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental.

A partir dos relatos dos moradores da reserva, registrados nos dois primeiros DRPs (realizados em 2002 e 2004), os pesquisadores do Instituto catalogaram uma variedade de plantas aquáticas utilizadas como alimento pelos peixes-boi.

As descobertas de rotas de migração dos animais entre a cheia e a seca na região também foram fruto dos relatos dos conhecedores de peixe-boi, juntamente com pesquisas de telemetria.

Segundo a assessoria de imprensa da entidade, desde 2001, o Instituto Mamirauá interage com os moradores da reserva Amanã, a fim de envolver o conhecimento tradicional no desenvolvimento de pesquisas destinadas à conservação do peixe-boi amazônico na reserva criada em 1998.

Este trabalho começou com o envolvimento de moradores com grande conhecimento sobre peixe-boi a maioria deles com histórico de caça da espécie nas capturas científicas desenvolvidas para rádio-marcar alguns animais.

Alternativas

A falta de alternativas econômicas justificou a caça do peixe-boi em Amanã no início do século 20, quando os chamados “arigós”, nordestinos recém-chegados à Amazônia, ainda buscavam meios de adaptação a uma região tão distinta de seu local de origem.

“Não tinha outro jeito, a gente era forçado a fazer aquilo. Não existia banana, não existia roça, porque não tinha comprador. Era o jeito a gente matar peixe-boi”, ressaltou o agricultor Esmeraldo Umbelino da Silva, o Cabral, 48 anos, antigo caçador, filho de imigrantes cearenses.

Os velhos já não conseguem mais caçar, e os novos já não se interessam mais por isso.

Agora eles querem estudar. A constatação, animadora para a conservação do peixe-boi, foi feita por Sebastião Pereira, 76 anos, que foi um dos caçadores de maior fama em Amanã. Pereira, que acredita ter matado mais de 100 peixes-boi, largou a caça há sete anos, após participar de ações de educação ambiental desenvolvidas pelo Instituto Mamirauá na reserva Amanã.

Fonte: A Crítica

Você viu?

Ir para o topo