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Projeto monitora primatas no Pará

27 de abril de 2011
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Informações vão contribuir para conscientização e educação ambiental das comunidades locais

A crescente exploração dos recursos naturais na floresta amazônica que expõe as espécies dessa região a pressões e às alterações climáticas levou a Mineradora Rio do Norte a contratar a STCP Engenharia de Projetos para realizar, em parceria com a Universidade Federal de Goiás, pesquisas e monitoramento de primatas na Floresta Nacional Saracá-Taquera, em Oriximiná no Pará.

Fazem parte da equipe de pesquisadores biólogos e veterinários dedicados ao estudo dos primatas. Os trabalhos tiveram início em 2010 e têm demonstrado resultados inovadores e um formato eficiente para a pesquisa da fauna e avaliação de influências humanas nos ambientes naturais. Esses resultados têm íntima relação com o entendimento da ecologia de algumas espécies pouco conhecidas e, também, às adaptações que essas espécies promovem frente ao impacto ambiental do processo de mineração.

Utilizando métodos de censo e habituação (processo em que o grupo de macacos acostuma-se com a presença dos pesquisadores), os pesquisadores encontram os grupos de primatas e os seguem pela floresta. “A intenção é coletar e avaliar diversos dados sobre os primatas, visando compreender como as diferentes espécies reagem às interferências de atividades humanas em seus ambientes”, explica Ramon Gomes, gerente da Unidade de Meio Ambiente da STCP Engenharia de Projetos.

“O monitoramento, em médio e longo prazos, pode apontar riscos potenciais às populações e comunidades de primatas, como também a implementação de medidas preventivas que anulem ou minimizem os efeitos negativos das atividades de mineração sobre a dinâmica natural dos animais”, completa.

Além dessas informações, a equipe também irá preparar um banco de imagens fotográficas, textos e publicações científicas, os quais serão disponibilizados no meio acadêmico, técnico e para a comunidade habitante da região através de artigos e folhetos. Esse material irá auxiliar na divulgação dos resultados e contribuirá com os projetos de conscientização e educação ambiental que a Mineradora já desenvolve junto às comunidades locais.

A Floresta Nacional Saracá-Taquera está localizada na região dos rios Uatumã-Trombetas e é classificada como área de alta importância para a conservação de mamíferos devido à diversidade de primatas. Nessa região foram registradas 10 espécies, número considerado expressivo ao se analisar que, no Brasil, ocorrem em torno de 60 espécies diferentes de primatas.

Outro destaque da área é sua alta importância para espécies ameaçadas, endêmicas ou raras. Duas delas, Saguinus martinsi (Sauim) e Chiropotes sagulatus (Cuxiú), merecem destaque na pesquisa, devido ao status de conservação observado dentro dos respectivos gêneros e à carência de estudos focando estas espécies. O Sauim é a menor das espécies de primatas encontradas na FLONA, sendo inclusive endêmico da região do Médio Amazonas e contando com sua maior população conhecida exatamente nessa Unidade de Conservação, enquanto o Cuxiú é uma espécie de médio porte, que chama a atenção pela dieta, especializada em frutos verdes e sementes.

Os grupos de Cuxiús escolhidos para a habituação possuem entre 20 e 30 indivíduos e tem demonstrado sinais crescentes de habituação. Já no caso dos Sauins, os pesquisadores conseguiram equipar com rádios colares 6 indivíduos dos 18 capturados em 3 grupos distintos. O sucesso das capturas e a eficiência do método conhecido com rádio-telemetria têm permitido aos pesquisadores acompanhar com precisão os Sauins, auxiliando no processo de habituação destes primatas.

O projeto deverá ser desenvolvido por mais dois anos e a próxima etapa de monitoramento será a coleta de dados ecológicos e comportamentais dos primatas. “Essa etapa será iniciada logo após os procedimentos de habituação e os dados coletados serão de suma importância para o entendimento científico das espécies, através da compreensão de suas dietas, áreas de vida, comportamentos socais e reprodutivos, além de suprir as demandas técnicas sobre o monitoramento das influências da mineração de bauxita sobre o meio biótico”, conclui Ramon.

Fonte: Revista Fator

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