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Coisa de pele: a Arezzo e a mídia

19 de abril de 2011
2 min. de leitura
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A Arezzo tropeçou na escolha e optou por uma coleção com peles exóticas. O tropeço seguiu de uma derrapagem na web por conta da força das redes sociais e, em segundos, ativistas, protetores e simpatizantes da causa animal usaram seus perfis para espalhar que a Arezzo deu um tiro no próprio pé e entrou na contramão.

Relações Públicas correram para que a resposta viesse com a velocidade que a internet pede e, em comunicado, a Arezzo disse: “e por respeito aos consumidores contrários ao uso desses materiais, estamos recolhendo em todas as nossas lojas do Brasil as peças com pele exótica em sua composição, mantendo somente as peças com peles sintéticas.”

Ao saber de todo o caso, me perguntei: “qual a diferença entre a pele de raposa e o couro da vaca, do jacaré, a pele de cobra, de coelho e qualquer outro animal?”

Para minha surpresa, essa também foi a indagação de um comentarista na rádio CBN ontem à noite. Peço desculpas por não lembrar os nomes, mas acredito que o questionamento seja muito importante para esse debate. Depois de explicar o caso, ele replicou meu pensamento, questionou o fato de repercutir negativamente o uso de pele de raposa, mas as pessoas comerem e usarem coelho, entre outros animais. “Qual a diferença?”, ele perguntou à apresentadora do programa, que riu sem resposta e mudou de assunto.

Em outra oportunidade, o comentarista perguntou à apresentadora: “Você usaria pele de raposa?” e, para meu espanto, ela respondeu “Ah, não usaria por que as pessoas iriam reparar, falariam que sou antiecológica.”

Antiecológica é o novo sinônimo para egoísta? Ignorante? Ou cruel?
Mais uma vez a chance de abordar um assunto que poderia ser favorável aos animais foi desperdiçada. E não só por falta de informação, mas, neste caso, por falta de sensibilidade, o que acredito ser ainda pior.

Ouvintes e leitores são consumidores. São eles, somos todos nós, quem busca se informar para tomar decisões, para dizer sim ou não a um produto. Quanto menos conhecimento sobre os direitos dos animais, menos compra consciente e mais sofrimento, sacrifício e morte. E isso só é óbvio para quem já foi tocado para o assunto, para quem já questiona e prefere os animais vivos.

Infelizmente, o caso da Arezzo veio para lembrar que, muitas vezes, as empresas escorregam, a mídia pisa e o consumidor, sem perceber, passa por cima.

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