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História de uma gata que teve a família morta e foi adotada

8 de abril de 2011
3 min. de leitura
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Sou negra, sem raça definida e fui órfã. Vim dar esperança a todos os que estão ou estiveram na rua um dia e agradecer a todos que lutam por nós, os animais.

Minha mamãe me teve num telhado com mais três irmãozinhos frajolinhas. Eu fui a única pretinha. Éramos alimentados com restos de comida ou com o que nossa mamãe encontrava. Não me lembro muito bem do que aconteceu com a minha famíia, só sei que minha mãe um dia não voltou e meus irmãos morreram atirados contra a parede.

Fiquei com muito medo, escondi-me debaixo da caixa d”agua e passei dias esperando, com muito frio e fome. Meu estômago doía, bichos me picavam, e se ali ficasse, morreria. Decidi, então, escalar a calha e acabei caindo dentro do pátio de um prédio.

Fui recolhida por um humano, que me deu um pratinho de leite. Ele era faxineiro do prédio e me escondeu no salão de festas. Como eu sempre fui curiosa, às vezes eu ia parar na portaria e aí o porteiro, Sr Elias, me enfiava na gaveta para os moradores não implicarem comigo e ele perder o emprego.

Eu era do tamanho de um ratinho, dividia a marmita com o meu amigo humano grandão, Sr. Zé “Mineiro”. Comia arroz com feijão, alface e migalha de pãozinho. Ofereceram-me para algumas pessoas, mas eu não tinha atrativo nenhum: raquítica, negra, sem raça definida e nascida na rua, de pai desconhecido e mãe avulsa.

Como eu ia ser despejada, por dó, uma moça do prédio, a Dra. Elisa, ficou comigo por uns dias , mas o marido dela não queria mais um gato, pois já tinham duas gatas e iam ter um bebê humano, ou seja, tava meio lotado.

Mas minha sorte mudou. Essa moça- Dra. Elisa, soube que, no mesmo prédio, havia uma família que acabara de ter perdido uma gatinha vítima de câncer de mama (espero que eu nunca saiba o que seja isso…) e estavam muito tristes, pois restara só uma gatinha que viria a ser minha irmã, Tereza Rocha.

Era a minha última chance de tentar ser feliz e tive que fazer um charminho: estendi meus braços para a senhorinha que tinha uns óculos, além dos olhos: minha vovó humana Jane, que olhou e disse: muitas pessoas não querem uma pretinha, sem raça, mas você é linda e vai se chamar Brigitte. Passei a ser “filha da vó”, pois minha mamãe humana estava muito traumatizada por ter perdido a filha gata anterior e não queria saber de se afeiçoar a outro gato.

Pelo menos eu já tinha uma “vovó”, um teto e comida. Fiquei isolada da minha irmã Tereza, até me levarem ao Dr. de branco (agora sei que é um veterinário) e me darem umas vacinas. Ah, minha irmã Tereza Rocha era tricolor e de olhos verdes, linda e me acolheu muito bem: disse que eu seria sua nova irmã e para eu ter paciência com nossa mamãe humana, que ela era uma pessoa muito boa, só que estava triste por ter perdido a filha mais velha

Bom, nós gatos sabemos quem tem bom coração e eu via que nossa mamãe estava sofrendo muito pela morte da Minnie Rocha- a filha um, irmã que não conheci. Não desisti da vida e hoje vivo feliz com minha mamãe humana: tenho cama, cobertor, sachês, caixinha de areia, veterinário-o Tio Humberto (ahrrrr….). Por isso, agradeço a todos os humanos e não humanos que não desistiram de mim, apesar da minha aparência: o faxineiro -Sr. Zé Mineiro, o porteiro Elias , a Dra. Elisa, minha vovó humana Jane Rocha (in memorian), minha irmã tricolor Tereza Rocha(hoje, a estrelinha mais linda que brilha no céu) e minha mamãe Mila que divide a cama comigo…Afinal, agora tenho nome e sobrenome: Brigitte Rocha.

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