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Veterinário sacrifica cães saudáveis que já tinham adotantes, em canil de Portugal

30 de março de 2011
4 min. de leitura
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Laica consta como disponível para adoção no site do canil de Coimbra, em Portugal (Foto: Divulgação)

O alerta foi lançado pela presidente da organização portuguesa Louzanimales (Associação Pelos Animais da Lousã) quando, ao dirigir-se às instalações para ir buscar um dos cães adotados em campanha, se deparou com a maior parte das boxes vazias. Dos 24 cães que estavam ao abrigo da Câmara Municipal da Lousã, no canil municipal, apenas oito restaram, sendo que um deles saiu das instalações ainda no domingo (27). Os outros 16 foram cruelmente mortos no sábado, pelo veterinário municipal, sem qualquer aviso prévio à associação que tem articulado com a Câmara Municipal, o encaminhamento a dar aos animais recolhidos.

Quando a presidente da associação, Cristina Neves, chegou ao canil, “só lá estavam quatro cães e três cachorros”, conta uma das responsáveis pela Louzanimales, defendendo que tal situação demonstra “uma extrema falta de respeito para com a associação”.

“Nós compreendemos a superpopulação e tentamos selecionar, com o veterinário, os animais que tiverem de ser eutanasiados, não se pode aceitar é que não haja critérios para entrada e saída de cães”, explicou a responsável, sublinhando que um dos cães “ia sair no domingo e foi eutanasiado no sábado”.

A presidente da Louzanimales, Cristina Neves, considera que o ato não é justificável com a falta de espaço, nem pelos custos com a alimentação, na medida em que a “associação ajuda com alimentos”.

Animais com adotante foram mortos

“Foram mortos animais que estavam prometidos a adotantes, outros que poderiam ter sido encaminhados para famílias de acolhimento temporário e, inclusivamente, uma cadela esterilizada e chipada pela Louzanimales, pronta para adoção”, declara a associação, numa nota, onde refere que, “perante a gravidade da situação, a Louzanimales poderá reconsiderar a parceria com a autarquia, tendo sido solicitada uma reunião com o presidente da Câmara Municipal e o vereador do Ambiente”.

Note-se que a Câmara Municipal construiu recentemente novas boxes para abrigo de animais nas instalações provisórias do canil, espaço não homologado pela Direção Geral de Veterinária, tendo, contudo, em desenvolvimento, um projeto para a construção de um Centro de Recolhimento oficial legalizado.

De destacar, ainda, que a lei ainda permite a cruel eutanásia de animais errantes, situação que só poderá acontecer após a permanência do animal nas instalações de recolha municipais, por um período mínimo de oito dias, altura a partir da qual os animais passam a estar sob a inteira responsabilidade da autarquia que os recolhe.

Ao que o Diário de Coimbra apurou, esta não foi a primeira vez que foram eutanasiados animais sem comunicação prévia à Louzanimales, embora num número bastante inferior. “São assuntos que são reencaminhados para o vereador do Ambiente, mas as respostas são sempre inconclusivas e indiretas”, anunciou Cristina Neves, acrescentando que a onda de protestos da população que entretanto se gerou, saldou-se no recorde de cerca de 800 visitas, ontem, ao blogue da Louzanimales e inúmeros comentários de revolta nas redes sociais.

Câmara “não se envolveu com os sacrifícios”

Contatada a Câmara Municipal, o presidente mostrou-se perplexo com o sucedido. “Só tive conhecimento disso hoje e não tive hipótese nenhuma de apurar o que se passou”, explicou Fernando Carvalho, garantindo que “o veterinário executou as eutanásias sem qualquer  orientação da Câmara”.

“A atitude não foi a mais correta nos termos da relação que temos com a Louzanimales, mas temos de analisar tudo”, anunciou o edil, esclarecendo que, antes de mais, há que apurar se o veterinário agiu além das suas competências.

Entretanto o autarca já agendou uma reunião com a Louzanimales, que deverá acontecer já amanhã de manhã, para averiguar a situação.

O vereador do Ambiente e vice-presidente da autarquia, Luís Antunes, afirmou ter já entrado em contato com veterinário que, supostomante, assassinou os animais e está recolhendo todos os dados necessários para que a autarquia possa se pronunciar. “Fomos apanhados de surpresa, não havia conhecimento da execução das eutanásias, e muito menos deste número”, anunciou o edil, sublinhando que, até agora, “a Câmara tem procurado sempre, dentro das suas possibilidades, colaborar com a Louzanimales”.

Com informações do Diário de Coimbra

Nota da Redação: Trata-se de um crime injustificável. As autoridades estão apenas se empenhando em contornar a situação. Não resta qualquer dúvida de que o veterinário agiu bem além das suas competências, ao praticar um ato criminoso, arbitrário, covarde e cruel, causando a morte de seres inocentes, que só aguardavam a oportunidade de uma vida nova. O sacrifício de animais saudáveis, essa prática horrenda, deve ser banida de todos os lugares do mundo. Desta forma, crimes como esse poderiam ser evitados e a dignidade desses animais assegurada por uma lei realmente justa e compassiva, que garantiria à sociedade que supostos assassinos como o veterinário em questão estivessem na cadeia.

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