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Os animais e a humanidade

17 de março de 2011
2 min. de leitura
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Servilio Branco
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A cultura humana convencionou que os animais são seres inferiores e destituídos de alma. Tal ótica, arraigada de modo quase atávico, fez dos animais vítimas milenares, coisas que estão na Terra apenas para nos servir. Ante essa visão especista tudo se justifica, seja morte, tortura ou escravização. E nada é mais contraditório que nossa relação com os animais.

O homem que explora, escraviza e abate inúmeras espécies de modo cruel é o mesmo que ao voltar para casa afaga cães e gatos. É aterrador constatar que um dos pilares da economia mundial é o massacre diuturno e incessante de bilhões de seres sencientes.

E o que dizer do tráfico de animais que movimenta anualmente algo na casa dos 10 de bilhões de dólares. Nesse comércio nefasto milhões de criaturas morrem em condições deploráveis sem chegar ao consumidor final, que é tão execrável quanto àqueles que retiram os animais de seu habitat natural e os conduz à morte ou ao suplício de uma vida reclusa. O abate, o consumo, o tráfico e as demais formas de exploração animal obedecem à perversa lógica capitalista. Dá lucro? Então que importa se eles experimentam dor e angústia nas mãos de seres dotados de alma, inteligência e criados à imagem e à semelhança de Deus.

Nesse tétrico círculo vicioso animais são abatidos para agradar ao paladar da esmagadora parcela da população mundial que consome carne. Vacas são ordenhadas pela insistência do homem em ingerir leite, ainda que prescinda desse item alimentar. Galinhas são confinadas durante anos em espaços que mal lhes permite mexer as asas, tudo para que o ser humano aprecie seus ovos. Animais de diversas espécies são mutilados ou contaminados com as mais terríveis moléstias para que o homem brinque de Deus nas câmaras de tortura que por eufemismo são denominadas de centro de pesquisa. Mas em que pese séculos de práticas atrozes tais experimentos resultam quando muito na criação de medicamentos, não na erradicação da doença.

Os grandes conglomerados farmacêuticos necessitam vender remédios e se o mal for erradicado quem necessitaria deles? Embora o panorama seja desanimador cresce a cada dia o contingente dos que acalentam o sonho de que a humanidade evolua no sentido de abolir tais atrocidades. Para tanto, há que se reconhecer que todo animal é sujeito de direitos e como tal deve usufruir a liberdade e viver integralmente de acordo com sua natureza. Intuitivo que tal mudança de paradigma somente irá prosperar pela continua difusão desses conceitos em escala planetária, pois envolve uma modificação radical nos hábitos alimentares, filosóficos, culturais e religiosos.

Permeada por conflitos e violência extremos a humanidade talvez encontre enfim um caminho rumo à evolução espiritual. Embora utópica hoje, a convivência pacífica de todas as criaturas que habitam o planeta poderá representar sim a redenção da raça humana. Resta aguardar um despertar de consciências no qual o amor e o respeito pelos animais sejam a tônica. Dotados de alma pura tais criaturas nos transmitem lições diárias, talvez um dia aprendamos.

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