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Caçadores representam uma ameaça cada vez maior para a sobrevivência dos leões

13 de março de 2011
4 min. de leitura
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Por Camila Arvoredo  (da Redação)

Créditos foto: IFAW

Em muitos países da África, leões ainda são caçados. Sua carcaça também é objeto do comércio. Resultado: o rei da selva e da savana começou a ser considerado espécie ameaçada, afirmou o inglês “The Guardian”.

Os caçadores estadunidenses representam uma ameaça cada vez maior para a sobrevivência dos leões na África, o que inquieta um grupo de organizações de proteção de espécies selvagens. As principais causas do fenômeno são a forte demanda por troféus de caça, como tapetes de pele de leão, assim como o comércio florescente de certas partes de sua carcaça nos EUA e no resto do mundo. A estes fatores agrega-se a violência de certos habitantes com relação aos felinos e a redução de seu habitat natural, salienta o jornal “Courrier Internacional”.

“Os leões da África são uma espécie ameaçada”, afirma Jeff Flocken, do “Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal” (IFAW). “O rei da selva está em vias de extinção e ainda assim os estadunidenses continuam a matar leões somente pelo prazer da caça”. Segundo um relatório da IFAW, ao curso dos últimos dez anos, dois terços dos leões abatidos foram encaminhados aos EUA. A ONG que milita pela proteção das espécies selvagens – entre elas a IFAW – lançou um pedido à Casa Branca para que ela interdite a importação de troféus de leão e produtos derivados, inscrevendo esta espécie na lista das espécies ameaçadas de extinção. Nestes últimos cem anos, o número de leões diminuiu consideravelmente na África, passando de 200.000 para 40.000 – seja 23.000 segundo algumas estimativas – o que representa uma taxa de desaparecimento de 80%.  Sua população já se extinguiu em 26 países africanos e, segundo a associação de proteção de grandes felinos “Panthera”, só sete países – O Botswana, a Etiópia, o Quênia, a África do Sul, a Zâmbia e o Zimbábue – contam com mais de mil indivíduos.

Se a principal ameaça para a sobrevivência dos leões é o ser humano, ela não se limita somente aos caçadores ocidentais. “Muitos leões são mortos por criadores de gado, para os quais é bem difícil conviver com esses animais”, explica Luke Hunter, vice-presidente da “Panthera”. A superpopulação degrada os habitats desses grandes felinos, que são sacrificados em prol da construção de rodovias – como a auto-estrada bastante controversa que deve atravessar o Parque Nacional do Serengueti, na Tanzânia – e a agricultura.

Mas, segundo o relatório da ONG, os caçadores ocidentais constituem mais um perigo para a sobrevivência dos leões. Entre 1999 e 2008, 64% dos 5.663 leões abatidos por prazer foram exportados para os EUA e o número de carcaças reportadas como troféus pelos caçadores estadunidenses mais que dobrou. Os estadunidenses são também os maiores compradores de carcaças de leões e produtos derivados – garras, crânios e pênis. Durante o mesmo período, os Estados Unidos importaram 63% dos 2.175 leões postos à venda.

Em alguns países como a Tanzânia, a Zâmbia, a Namíbia e o Moçambique, os safáris constituem a principal ameaça para os leões e mesmo nos países onde eles não atraem multidões de turistas, eles contribuem para a diminuição dos felinos. Segundo os ecologistas, a tendência à caça de machos faz com que o risco de desaparecimento de bandos inteiros aumente; a perda de um macho dominante pode levar a uma luta pela sobrevivência dos sobreviventes e causar a morte de outros adultos ou de filhotes, percebidos pelo bando como uma ameaça potencial.

Mesmo que a caça represente apenas uma das ameaças que pesam na sobrevivência dos leões africanos, salienta Teresa Telecky, diretora do departamento de espécies selvagens da associação “Humane Society International”, ela é a que podemos melhor lutar contra. Flocken lembra que todos os outros grandes felinos – jaguares, leopardos e tigres – são protegidos.

Entretanto, para alguns especialistas de espécies selvagens, a proibição total da caça é somente uma solução de último recurso.  Além disso, eles afirmam que é sempre possível reforçar as regulamentações estadunidenses e internacionais, tais como a Convenção de Comércio Internacional das Espécies Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites).

“Proibindo a caça, nós tendemos a obrigar os governos africanos a procurar outras fontes de lucro, sendo as mais evidentes a pecuária e a agricultura, as quais podem levar à destruição dos habitats dos leões”, salienta Hunter.

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