EnglishEspañolPortuguês

O mundo é gigante

3 de março de 2011
2 min. de leitura
A-
A+

Por Ana Cardilho
em colaboração para a ANDA

Restrições a animais com mais de 5 kg causam polêmica em condomínios. Medida interna tomada por alguns edifícios de SP  impede tutores de manterem cães de raças comuns.

Meu nome é Zoe Cristina. Tenho seis meses e dois quilos e meio. Com esse peso, poderia não me preocupar com a notícia de que, em São Paulo, alguns condomínios querem impor limites para o peso dos cães. Mas, como gosto de colocar meu focinho em tudo que vejo, cheiro e ouço vamos lá: Peso por peso, se vão proibir mais que 5 quilos para cada cachorro de cada apartamento, então valerá a mesma regra para vizinhos com uns quilos a mais? E o que dizer da possibilidade de morar perto de uma pessoa que tenha uns parafusos a menos e faça barulho depois das 22h ou não recicle o lixo, ou dirija a mais de 20 km/h dentro da garagem?

Como moradora de apartamento sei de muitas histórias onde os humanos é que azedam a boa convivência dentro de um condomínio, com atitudes pouco civilizadas, pouco higiênicas e até perigosas. Vão limitar o peso das crianças também? E que tal limitar o número de filhos de cada casal por apartamento? Se vão abolir cães com mais de 5 quilos dos condomínios, imagino que deva aumentar o número de cãezinhos da minha raça, pincher, e outros amigos pequenos e qual a vantagem nisso?

Só um lembrete aos “gênios humanos” que criaram a lei de limite de peso: saem os cachorrões, entram os minis. E todos nós, pequeninos que somos, também somos bem assustados, digamos assim. O mundo é gigante, as pessoas, enormes e há perigo em toda parte. Assim, temos como essência latir e latir alto e latir agudo… bem agudinho, sabe? Pesamos bem pouco mas somos capazes de um barulho que, rapaz! Podemos deixar qualquer vizinho bem atrapalhado… risos! E daí? O que farão os moradores irritados? Vão proibir os cães pequenos também?

Bom, eu aqui, pensando enquanto mordisco meu sapo de brinquedo, acho que se esses ventos tomarem fôlego, não demora e vamos andar todos de uniformes dando vivas a Mao Tse Tung. Tiranias precisam morrer no berço. Ou alguém aí duvida disso?

Ana Cardilho é escritora e jornalista. Com um olho na realidade e outro na prosa imaginária conta com mais de 20 anos de experiência em rádio e TV, tendo feito reportagens, edição e fechamento de telejornais e programas, e é ficcionista.

Você viu?

Ir para o topo