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O leite da vaca é do bezerro (acordando)

2 de março de 2011
2 min. de leitura
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Carlos Alberto Durães
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Inspirado em texto da Doutora Sonia T. Felipe, sobre, entre outras atrocidades, como é a vidade uma vaca leiteira:

(http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=2421&Itemid=103)

Tive um pesadelo terrível.

Em um mundo paralelo, uma outra Matrix…animais superiores “criavam” – que uso indevido de tão bela palavra – seres humanos.

As mulheres eram, logo que possível, inseminadas artificialmente para emprenharem. Dessa forma, os “superiores” provocavam sua lactação, e, assim, poderiam extrair o leite para a sua alimentação.

A ciência desses seres dominantes acreditava que este alimento era absolutamente imprescindível para o desenvolvimento e nutrição dos seus. Aqueles que desconheciam detalhes científicos, agradeciam apenas, aos seus Deuses,por existirem seres inferiores, que tinham como única e específica razão de existir, proporcionarem este alimento a eles, mesmo que através de intensa escravização e violação.

O pesadelo continuava…

Logo após nascerem e usufruírem da primeira mamada, seus filhotes eram retirados de suas mães e colocados em compartimentos de modo que não conseguisse mexer nem o pescoço. Pela falta de alimentação e subnutrição induzida, estes filhotes ficavam com a carne macia e branquinha (parecida com nossa vitela…), ideal para o gosto de alguns requintados consumidores.

Enquanto isso, as mulheres não entendiam…onde estariam seus filhos? O que teria acontecido? Nunca mais os viram nem sentiram seus seios serem sugados por aqueles a quem gestaram por nove longos meses.

Bem, dessa saudade elas não poderiam reclamar, pois máquinas sugariam todo o seu leite, inclusive aquele adicional induzido pela ingestão de poderosos hormônios…

Quando enfim, a produção praticamente se esvaía, a superior inteligência dos dominantes a compensariam com outra inseminação…

Logo estariam prenhas novamente gerando outros filhotes… Logo sentiriam novamente seus próprios filhos sugando seu leite, pelo menos por um dia…

E assim que estes sumissem, desaparecessem, lá estaria a máquina para saciar a saudade da mãe a ser sugada…

No pesadelo…eu escutava uma voz, triste, embargada, angustiada mesmo:
“Meu filho…cadê meu filho….meu filhote, onde está você? O que fizeram com você…?”

Ainda bem que os superiores tinham muitos remédios e substâncias para injetarem na mulher, a fim de se amenizar sua depressão, o que poderia debilitar a produção do leite…

Após algumas repetições do processo, extenuadas, física e emocionalmente por sucessivasbem-sucedidas produções….as mulheres não agüentavam mais.

Era incrível a fragilidade destes seres, por mais bem tratadas que fossem, com a mais altatecnologia a seu serviço…
Os superiores então – só agora, claro – as sacrificam…

E em seus últimos suspiros me faziam ouvir aquela voz…cada vez mais pálida…

“Filhos, meus filhos…onde estão vocês…venham com sua mãe….”

Dentro ainda do pesadelo….acordo…um tanto assustado…

Vou para a cozinha e sonambulamente, abro a porta da geladeira…nem percebo sua luz…
Bebo um copo de leite….hum…..

“Agora posso voltar a dormir tranquilo…(!?!)”

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