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Animais de rua são excluídos de castração

16 de fevereiro de 2011
4 min. de leitura
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Os programas de castração gratuita disponíveis no Grande ABC atendem cães e gatos que têm tutores responsáveis por eles. Mesmo assim, é preciso comprovar baixa renda ou aguardar mutirão. Enquanto isso, os cerca de 2.000 animais abandonados mensalmente na região, segundo levantamento da Aspapet (Associação Paulista de Pet Shops), continuam se reproduzindo e ampliando o número de bichinhos nas ruas.

Quem quer castrar um cão ou gato para ajudar a mudar essa realidade encontra dificuldades. É o caso das irmãs Anália, 45 anos, e Débora Magalhães, 30, que vivem na Vila Lucinda, em Santo André. Elas já recorreram à Prefeitura de São Paulo cerca de 30 vezes para realizar o procedimento em cães que vivem na rua onde moram, pois com a Prefeitura de Santo André não conseguiram nada. “Tenho dó dos bichos e sinto necessidade de fazer algo por eles, mas não tenho condições de bancar todos”, destacou Anália.

Castrar um animal em clínica veterinária particular custa, em média, R$ 150, dependendo do tamanho e peso. Anália e Débora conseguem desconto por meio de uma ONG e gastam R$ 60 por cão. “Mesmo assim, não é sempre que temos dinheiro para fazer”, garantiram.

Débora trabalha em um pet shop do bairro e vê diariamente pessoas abandonando os animais na porta do estabelecimento. “Muita gente acha que a loja é depósito de cães e gatos, sabe? Eles vão chegando e a gente dá um jeito de doar.” Atualmente as irmãs têm oito cães em casa, mas estão a procura de novos pais adotivos para eles. Na rua, cerca de outros dez andam soltos, muitos sem esterilização.

Procurada, a Prefeitura de Santo André afirmou que realiza castração para pessoas de baixa renda e moradores de núcleos habitacionais do município. No ano passado, 1.061 animais foram castrados entre os meses de abril e dezembro. Cães e gatos comunitários e animais adotados no canil, desde que tenham RGA (RG animal), também são beneficiados.

Região

São Caetano usa o mesmo critério para castrar animais. Neste mês foram feitos 14 procedimentos, mas a capacidade é de 80 por mês. O animal precisa estar vacinado com pelo menos duas doses de V8 canina ou V3 felina e uma antirrábica. Os interessados devem entrar em contato com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e precisam estar inscritos nos programas sociais do município.

Em Ribeirão Pires a castração é feita apenas por meio de mutirão. A intenção é realizar um deles no primeiro semestre deste ano, mas ainda não há confirmação. A Prefeitura de Diadema afirmou que não realiza o procedimento. Mauá e Rio Grande da Serra não responderam.

São Bernardo retorma esterilização gratuita

A esterilização gratuita de cães e gatos abandonados foi reiniciada neste mês pela Secretaria de Saúde de São Bernardo. O contrato com a clínica veterinária responsável foi renovado em 7 de fevereiro e cerca de 500 guias de autorização já foram emitidas pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).

A guia para o procedimento deve ser solicitada pelas entidades protetoras de animais ou por líderes comunitários junto à Divisão de Veterinária e Controle de Zoonoses, que fica na Avenida Doutor Rudge Ramos, 1740, no bairro Rudge Ramos, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

Os interessados deverão apresentar comprovante de residência e documento de identidade. Após a obtenção da guia, basta telefonar para 4338-3222 e marcar uma consulta na Clínica Veterinária Pronto-Socorro Animal, de São Bernardo.

Em 2010, foram esterilizados 1.470 animais, sendo 1.036 cães e 434 gatos. A prioridade na esterilização é dada aos chamados animais comunitários, que vivem nas ruas, mas que recebem alimentação e cuidados de alguns moradores dos bairros ou das entidades protetoras.

O objetivo principal da esterilização é evitar riscos à população da cidade, pois animais abandonados podem transmitir doenças. Além disso, segundo a secretaria, é uma forma de evitar atropelamentos e maus-tratos contra os bichos que vivem nas ruas.

Procedimento ajuda a prevenir doenças

Não há idade certa para castrar cães e gatos, mas segundo o coordenador do curso de Veterinária da Universidade Metodista, Nilton Zanco, a castração precoce ajuda a prevenir doenças e a formação de tumores. “É indicado realizar o procedimento antes da fêmea entrar no primeiro cio, ou, no caso de machos, antes de completar um ano”, destacou.

O curso de Veterinária desenvolve o Projeto de Castração em Cães e Gatos em parceria com a ONG Gaama (Grupo de Apoio a Animais Maltratados e Abandonados), de São Bernardo. Cerca de 25 animais são castrados pelo programa mensalmente.

Há um custo mínimo para a ONG, pois, segundo Zanco, o objetivo é didático. “De 15 a 20 alunos participam dos procedimentos, auxiliando os professores e ajudando também na conscientização dos tutores para a guarda responsável”, explicou.

Em 28 de janeiro de 2010 o governo do Estado aprovou o decreto 55.373, que instituiu o Programa Estadual de Identificação e Controle da População de Cães e Gatos. O objetivo é celebrar convênios com as prefeituras para garantir esterilização cirúrgica e incentivar a adoção de cães e gatos abandonados nas cidades. Os convênios, porém, dependem do Orçamento da Secretaria de Meio Ambiente estadual e não têm prazo para serem celebrados.

Fonte: Diário do Grande ABC

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