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Hidrelétricas interferem na biodiversidade dos rios e ameaçam animais

22 de janeiro de 2011
3 min. de leitura
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O Rio Bela Vista, no Paraná, é natural, mas logo acima existe um canal artificial, chamado de canal da piracema e criado dentro da hidrelétrica de Itaipu. Se não houvesse esse caminho, os peixes não poderiam mais seguir a sua natureza de subir o Rio Paraná para desovar, porque a construção da barragem cortou o caminho dos peixes migradores.

“Eles têm de vencer um desnível de 120 metros entre o Rio Paraná e o lago de Itaipu. A gente estima que aproximadamente 20% dos peixes que entram no canal da piracema conseguem chegar até o reservatório de Itaipu”, diz o biólogo Helio Martins Fontes.

A Hidrelétrica de Itaipu é a maior do mundo em geração de energia. Para a formação do lago de 1.350 km², os construtores acabaram com a beleza do Salto de Sete Quedas, uma das principais atrações turísticas do Paraná. Foi uma comoção nacional e muita gente foi dar seu adeus a Sete Quedas em 1982.

O lago cobriu também a Mata Atlântica, com toda a sua biodiversidade. As águas subiram rapidamente, em 15 dias, e na última hora correram contra o tempo para salvar os animais que viviam na região.

Para compensar a perda da biodiversidade, a Itaipu Binacional até hoje trabalha no sentido de minimizar a perda da flora e da fauna.

Um exemplo é a marcação de peixes para saber que distância eles viajam. “Constatamos que tem peixes que foram marcados e soltos no Rio Bela Vista e que foram capturados a mais de 600 km rio acima, lá em afluentes do Rio Paraná já no estado de São Paulo”, diz Fontes. “Tem espécies que chegam a migrar 600, 700 km e até mil km no caso do dourado. São os grandes migradores do rio Paraná.”

Subir o rio para desovar é o ato mais importante para a conservação das espécies. Os peixes que estão na parte de baixo do rio precisam encontrar os que estão na parte de cima para haver uma troca genética e a espécie não perder o vigor, nem se degenerar.

Daniel Alberto Crosta, diretor do Parque Nacional do Iguazu, na Argentina, conta que 30 anos atrás vinham grandes quantidades de dourados desovar na ilha de San Martin, no baixo Iguaçu. Com a represa de Itaipu, ele diz que hoje chegam ali apenas 10% dos dourados que apareciam antigamente. “Nós chamamos de rio morto porque cada vez existe menos vida nesses lugares”, diz ele.

Hidrelétricas

Além de Itaipu, outras cinco hidrelétricas ao longo do Rio Iguaçu influenciam diretamente o equilíbrio da biodiversidade do Parque Nacional do Iguaçu. “Nós não temos mais o controle natural do Rio Iguaçu, e isso é um desastre para a questão de biodiversidade do parque porque em termos de 24 horas você pode ter dois ambientes completamente diferentes. Isso incide diretamente na reprodução de aves e de peixes”, diz o analista ambiental Jorge Luiz Pegoraro, diretor do Parque Nacional do Iguaçu.

Uma outra hidrelétrica está a caminho e o local escolhido é está entre pedras que formam pequenas corredeiras a menos de um quilômetros dos limites do parque.

Fonte: Ambiente Brasil

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