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Promover o respeito aos animais depende de ações pedagógicas

17 de janeiro de 2011
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História de amor

Eliana Petrelli tem no amor pelos animais algo mais profundo que uma relação de proteção. Crescendo com algumas dificuldades, a empresária viu nos bichos seus amigos e seus alicerces de vida. “Muitas vezes eu pensava em fugir e lembrava dos meus cães e gatos. Por isso eu me emociono sempre que penso que há pessoas que não conseguem dar valor a um amigo desses, sequer respeitam a vida deles”, confirma emocionada.

Talvez por ter presenciado cenas de autopromoção em instituições, Eliana tornou-se contra os abrigos de animais por acreditar que a maioria usa os bichos para obter fundos e não para deixá-los realmente bem. “Sou contra a institucionalização da vida”, frisa.  Por conta da própria história, ela e Paula da Matta resolveram criar o Protetores de Animais de Macaé, o PAM, como movimento de polarização de ações e políticas públicas que protejam e auxiliem animais domésticos e silvestres.

“Lembramos que não somos uma Ong e nem temos o compromisso de resgatar, abrigar ou mediar adoções, e sim articular movimentos na cidade e região, divulgar ações nacionais, anunciar animais achados e perdidos, bem como promover o conhecimento dos direitos dos animais por meio de atividades pedagógicas que conscientizem a população para que contribuam para o bem estar animal”.

A equipe do jornal O DEBATE acompanhou o dia a dia do PAM e da Ong Pró-Animal por meio de mensagens e constatou que é um trabalho que demanda tempo, incluindo uma rede imensa e anônima de pessoas que zelam pelo bem-estar dos animais.

O leitor Alexandre Macedo comentou a matéria do jornal O DEBATE acrescentando que o serviço de 0800 que funciona na Barra de Macaé nunca possui medicamentos para os animais. Segundo o leitor, o exemplo de Rio das Ostras, onde os animais são recolhidos e tratados com carinho, deveria ser seguido. Para Alexandre, assim como para Milena, Eliana e a veterinária Amanda, a castração cirúrgica resolveria boa parte dos problemas de abandono de animais na cidade.

“Não adianta esse negócio de chip que o CCZ falou. Isso nunca vai sair do papel”, afirmou Alexandre.

As ações variam desde o encontro de animais abandonados, passando por tratamento, até obtenção de recursos e um novo lar. Embora de natureza distintas, as instituições atuam em parceria. “Somos voluntárias e amamos os animais. Não fazemos mais porque não temos condições e dependemos de outras dezenas de volunários que trabalham por eles”, confirmam Eliana e Milena.

A psicóloga e pedagoga Fátima Cardoso também tem muita história para contar. Em 11 anos vivendo em Macaé, ela ajudou mais de 100 animais e os encaminhou para adoção com recursos próprios. Em Brasília, sua cidade Natal, ela participava de um trabalho de terapia com idosos e crianças envolvendo a convivência com animais.  Formada pela Universidade de Brasília (UnB) e em parceria com os cursos de Veterinária e Serviço Social, Fátima pode acompanhar as atividades do grupo no Hospital do Câncer e em asilos utilizando cães abandonados, tratados e adestrados.

“Poderíamos ter um trabalho semelhante em Macaé, com mini canis instalados em asilos, por xemplo. Isso traria responsabilidade e alegria aos idosos, ocupando suas mentes. Também há casos de terapia com equinos abandonados e crianças deficientes. Enfim, as possibilidades são muitas”, afirma a psicóloga, que é tutora de 10 animais adotados.

Castração,  Ongs, Prefeitura e profissionais de veterinária em geral são a favor da castração cirúrgica como controle de natalidade. Porém, quanto à castração química há controvérsias. O método requer várias aplicações, pode provocar efeitos colaterais e não tem 100% de eficácia, além das várias aplicações acabarem somando o mesmo custo de uma cirurgia. Segundo dados dos veterinários, uma esterilização normal custa em média de R$ 70 a R$ 80, evitando a proliferação de animais em situação de abandono. Um casal de cães pode originar em apenas dez anos, em sucessivas gerações, mais de 80 milhões de crias. Isso mesmo: 80 milhões de crias.

Além disso, segundo dados do próprio CCZ, a castração cirúrgica traz inúmeros benefícios para a saúde de cães e gatos. Depois de castrados, tanto machos quanto fêmeas têm menos chances de desenvolver problemas de tumores e infecções nos órgãos reprodutivos. Nos machos, a castração reduz a possibilidade de problemas de próstata e tumores testiculares. Nas fêmeas, o procedimento diminui o risco de tumores nas mamas, ovários e útero. Outro benefício é em relação ao comportamento. Cães e gatos – sejam machos ou fêmeas – ficam bem mais tranqüilos depois de castrados.

Políticas Públicas

A Lei Estadual 4808/02 possui dois artigos que determinam controle da natalidade de animais por meio de esterilização e ações pedagógicas de proteção ao bem estar animal como currículo regular das escolas. Promover o respeito aos animais depende de ações pedagógicas.

Ações como a última Cãminhada, divulgada pelo jornal O DEBATE e organizada pela PAM, pretendem esclarecer a população sobre esta e outras leis acerca dos direitos dos animais.  Macaé possui uma Lei Municipal, de número 27/2001, que normatiza o crime ambiental e os maus-tratos. E a Lei Federal 9605/08, artigo 32, pauta os crimes contra os animais, entre outros assuntos.

Ou seja, maus-tratos e tráfego de animais silvestres é crime previsto em lei de todas as esferas, alguns inafiançáveis, e quem denuncia pode e deve registrar Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil mais próxima.

Em Macaé, o vereador Danilo Funke (PT) abraçou a causa de defesa dos animais e implementação de políticas públicas, obtendo uma Audiência Pública para 2011 para discutir o assunto com as autoridades competentes, junto às instituições que promovem o bem estar animal e lutam pelos direitos deles.

“Danilo, inclusive, nos ajudou a retirar da Lei Municipal 3.430/10 – que também prevê punição para quem abandona animais – um artigo que poderia dar margem ao sacrifício de animais abandonados e a hipótese de eutanásia”, afirmou Eliana Petrelli, da PAM.

Para abertura do projeto de castração comunitária para a população carente, a Ong Pró-Animal realizou uma ação no Parque de Exposições Latiff Mussi, local concedido pela Secretária de Agricultura de Macaé, com intuito de atender a população carente do entorno. Cinco veterinários da cidade farão parte deste projeto doando “mão de obra”.

O projeto aconteceu em junho de 2010 e atendeu dezenas de animais.  “Pensamento que a população carente teria menos consciência e nos enganamos. Eles entendem a importância de evitar a procriação desenfreada e, quem ama os animais, independe de classe social”, afirma Milena Pimentel, da Pró-Animal.

PAM: www.protetoresdemacae.blogspot.com
Pró-animal: www.pro-animal.org

Fonte: Diário de Macaé

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