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Cães vítimas das chuvas em Campinas (SP) vagam por áreas abandonadas

16 de janeiro de 2011
3 min. de leitura
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Animais são deixados para trás por famílias desalojadas e situação mobiliza ação por parte de autoridades sanitárias.

Desabrigada Julia Terezinha afaga o cão Grilo, que foi atropelado sexta-feira; ela tem mais quatro cães (Foto: Matheus Reche/TodoDia Imagem)

Esquecidos pelas equipes de resgate, os animais das famílias vítimas dos temporais dos últimos dias, em Campinas (SP), em sua grande maioria cachorros “órfãos” da chuva, podem ser vistos vagando pelas ruas dos bairros onde antigas moradias instaladas em áreas de risco começaram a ser demolidas.

Como não podem ser levados para os abrigos provisórios criados pela Prefeitura de Campinas para receber os desalojados e na maioria dos casos rejeitados pelos parentes que recebem temporariamente essas famílias, esses cães abandonados convivem com os riscos cotidianos de estar soltos nas ruas.

Na sexta-feira (14), pela primeira vez a Defesa Civil de Campinas manifestou preocupação com o destino dos animais deixados nas ruas pelas famílias desabrigadas. Em uma reunião que contou com a participação de representantes da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), ficou acertado que o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) realizará um levantamento nos locais onde casas foram demolidas ou famílias desalojadas para verificar a situação dos cães abandonados.

De acordo com Maria Filomena Gouveia Vilela, coordenadora da Covisa, se for necessário a administração utilizará as dependências do CCZ para abrigar temporariamente esses animais. “O CCZ não é um local indicado para esse tipo de situação, mas como estamos em um momento em que medidas emergenciais se fazem necessárias é possível abrir uma exceção”, ressaltou ela.

Maria Filomena explicou que em algumas situações as famílias conseguem levar seus cachorros para a casa de amigos, parentes ou vizinhos. “Acredito que até o meio da semana já tenhamos um diagnóstico claro dessa situação”, afirmou ela.

Enquanto a prefeitura busca definir uma forma de procedimento para preservar a integridade desses animais, seus tutores não conseguem esconder a preocupação e a tristeza com essa situação de abandono forçado.

É o caso da aposentada Julia Terezinha do Espírito Santo, que até semana passada vivia em uma casa às margens do Rio Atibaia, no Beco Mokarzel, com seu filho e cinco cachorros – Grilo, Bob, Neguinha, Becki e Pink.

Sua casa foi tomada pela água e posteriormente demolida. Ela e o filho foram levados para um abrigo temporário instalado no Hospital Cândido Ferreira. Na tarde de sexta-feira, os cães circulavam pelas ruas do beco enquanto sua tutora tentava desesperadamente encontrar alguém que cuidasse deles. “Esse aqui (Grilo) foi atropelado hoje e está mancando. Consegui ajuda de um comerciante local que oferece ração a eles, mas só vou sossegar quando eles saírem da rua”, disse ela.

Para o vereador campineiro e presidente da UPA (União Protetora dos Animais), Vicente Carvalho (PV), foi um erro a prefeitura não ter incluído a possibilidade de atendimento aos animais no decreto que criou a Operação Verão. “As ONGs (Organizações Não-Governamentais) já realizam hoje um trabalho que deveria ser feito pelo poder público. Na UPA, não temos espaço físico para acolher esses animais.”

Fonte: Todo Dia

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