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Pulseira de identificação colocada nas nadadeiras prejudica a sobrevivência e reprodução dos pinguins

13 de janeiro de 2011
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Pinguim com pulseira metálica em colônia na Antártida: recurso prejudica as aves. Foto: Benoît Gineste

Prender pulseiras de identificação nas nadadeiras dos pinguins, uma prática costumeira para rastrear populações selvagens, não só prejudica a sobrevivência e a reprodução dos animais como pode colocar em cheque vários estudos sobre mudanças climáticas.

Ao longo de dez anos, pesquisadores da Universidade de Strasbourg acompanharam 50 pinguins-rei (Aptenodytes patagonicus) com braçadeiras e 50 sem braçadeiras e constataram que os que tinham marcação produziram 39% menos filhotes e tiveram índice de sobrevivência 16% mais baixo que em comparação aos outros.

“Foi mostrado, por exemplo, que pinguins com que se atrasaram para a época de reprodução sempre falham na reprodução. Nós mostramos que isto nem sempre é verdade. Em relação às mudanças climáticas, a pulseira é uma desvantagem a mais, pois destorce os dados”, disse ao iG Yvon Le Maho da Universidade de Strasbourg e autor do estudo que publicado esta semana no periódico científico Nature.

O modo de nadar dos pinguins está focado exclusivamente em suas nadadeiras. Outro estudo feito com pinguins Adélia em cativeiro mostrou que as braçadeiras aumentam em 24% a energia gasta para nadar.

“Os pinguins têm de lidar com o atrito da braçadeira na água. Isso significa que eles têm de gastar mais energia e precisam comer mais. Também gastam mais tempo no mar a procura de alimento para seus filhotes. Ele também tende a atrasar para o início da temporada de procriação”, complementou ao iG Rory Wilson da Universidade de Swansea, no Reino Unido, que escreveu um artigo complementar ao estudo na mesma edição da Nature.

O estudo também questiona dados prévios sobre aquecimento global, pois o comportamento dos pinguins é visto muitas vezes como tendência para possíveis mudanças climáticas. O estudo mostra que a compreensão dos efeitos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas marinhos com base em dados de pulseiras deve ser reconsiderada.

Para Wilson, a conclusão mais importante do estudo feito com pinguins da Antártida é que métodos de pesquisa tidos como triviais podem afetar os animais muito intensamente. Ele alerta que pesquisadores devem rever dados de suas pesquisas e verificar se o efeito causado pelas braçadeiras influenciou o resultado da pesquisa.

“Os resultados do estudo realizado pela equipe de pesquisadores da Universidade de Strasbourg mostram que o uso de pulseiras de identificação em pinguins tem graves consequências para as aves. Assim, qualquer estudo que pretenda utilizar este tipo de equipamento tem que ter muito boas razões de fato fazer isso. Eu pessoalmente não vou usar isto em qualquer um dos meus estudos”, disse Wilson.

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