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CCZ de Bauru nega abrigo a gatos abandonados e indica ONGs

30 de dezembro de 2010
3 min. de leitura
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Mais uma vez, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) é alvo de reclamações. Desta vez, a queixa de solicitantes é a de que o órgão público está se negando a recolher gatos abandonados por tutores em várias residências por estar com o gatil superlotado. Em consequência disso, funcionários do CCZ orientaram essas pessoas que procurassem as organizações não-governamentais (ONGs) Naturae Vitae e Vidadigna para fazer o recolhimento dos felinos.

Ao atender o telefonema de Ana Luiza Correia Lima, uma das solicitantes do serviço, que encontrou dois filhotes de gato abandonados em frente à sua residência, no Jardim Bela Vista, na tarde de terça-feira, a presidente da ONG Naturae Vitae, Fátima Schroeder, resolveu registrar um boletim de ocorrência (BO) sobre o fato.

“Nós estamos recebendo ligações como essas dizendo que o CCZ está sugerindo que as ONGs se responsabilizem por esses animais há mais ou menos três meses, além de e-mails. Ontem foi a gota d’água. O órgão público não pode jogar a responsabilidade sobre a ONG porque está superlotado”, reclamou.

Ana Luiza aceitou testemunhar o fato diante do delegado José Dorneles Costa no 1º Distrito Policial (DP), instituição responsável por registrar e apurar crimes ambientais na cidade.

“Quando eu liguei no CCZ, uma funcionária me disse que eu tinha que ligar na ONG porque (o gatil) estava superlotado e não podia abrigar os gatos. Então achei o telefone da Naturae Vitae e liguei”, disse.

Ao ser questionada sobre as denúncias, Heloísa Lombardi, diretora do Departamento de Saúde Coletiva de Bauru, que está substituindo o diretor do CCZ José Rodrigues Gonçalves Neto no período em que ele está em férias, afirmou que precisava averiguar os questionamentos para constatar se tinham ou não fundamento.

“Eu preciso checar tudo isso. O CCZ não vai mesmo até os locais para resgatar esses animais como faz com animais de grande porte, por exemplo. As pessoas têm que levar os animais até o CCZ”, disse.

Teste

Entretanto, a equipe de reportagem do Jornal da Cidade comprovou que as denúncias têm fundamento depois de contactar o órgão público através de um telefonema e ter acesso ao boletim de ocorrência registrado por Fátima.

Sem a identificação como jornalista, ao perguntar à funcionaria responsável por orientar os solicitantes sobre o que fazer com gatos abandonados em frente a uma residência, foi ouvida a seguinte resposta: “Nós fazemos o serviço de receber esses animais, mas o nosso gatil está lotado e não tem como recebê-los. Você pode ligar para as ONGs Naturae Vitae e Vidadigna consultando os telefones pela Internet e pedir que eles busquem esses gatos”.

Depois dessa ligação, a reportagem não conseguiu falar novamente com Heloísa Lombardi. Mas no contato anterior com o JC, ela não soube afirmar se o gatil está realmente superlotado, porém, confirmou que o CCZ continua fazendo feiras de adoção.

“Eu não tenho certeza se no mês de dezembro foi feito, mas em novembro teve. É importante orientar também que esses tutores de animais se conscientizem da legislação e que existe o termo de guarda responsável. Muitas pessoas pegam os animais depois não conseguem criar e os abandonam no CCZ, assim como fazem em muitas casas da cidade”, frisou a diretora interina.

Responsabilidade

Para o delegado titular do 1º Distrito Policial (DP), Dinair José da Silva, antes de tudo, a responsabilidade pelos animais abandonados é de seus tutores.

“Primeiramente é importante dizer que a responsabilidade desses animais é do tutor que os abandonou. Mas nesse caso que estamos tratando, é do CCZ. Eles não podem jogar a responsabilidade nas ONGs porque essas organizações não podem fazer as vezes do poder público, até porque não recebem verba para isso”, criticou o delegado.

Ele enaltece o trabalho das ONGs em Bauru, que mesmo não sendo obrigadas a desempenhar algumas funções, acabam ajudando até no trabalho da polícia.

“Eu gostaria de agradecer pelo trabalho das ONGs, que estão sendo muito prestativas na cidade. Mesmo não sendo obrigadas a desempenhar certas tarefas, elas fazem o que podem”, finalizou Dinair.

Fonte: Jornal da Cidade

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