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Animais com necessidades especiais

23 de dezembro de 2010
9 min. de leitura
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Cães surdos

Deficiência auditiva ou surdez é a incapacidade parcial ou total da audição. Pode ser congênita ou adquirida. A surdez congênita é irreversível. E está, frequentemente, associada a alterações de pigmentação, tais como pelagem branca e olhos azuis. Há 35 raças com probabilidade genética de surdez (boxer, cão das Montanhas dos Pirineus etc.), porém, os dálmatas apresentam maior porcentagem: 30% dos dálmatas nascem surdos.

Entre os gatos da raça persa, geralmente a cor branca associada a olhos azuis está geneticamente relacionada a problemas de audição. Os gatos brancos com apenas um dos olhos azuis pode ser surdo de um ouvido, enquanto que os bichanos com ambos os olhos azuis podem ser totalmente surdos.

Contudo, todos os cães são passíveis de perder a audição, quer por doença, ferimento ou velhice. Algumas formas de surdez são tratáveis: pelos bloqueando o canal auditivo; excesso de cera; inflamação do canal auditivo; perfuração do tímpano; ambientes muito barulhentos; traumatismo craniano; envelhecimento.

Muitas pessoas rejeitam o cão surdo por acharem que é menos inteligente, temperamental, e que não será capaz de aprender comandos básicos. Nada mais distante da verdade! Um cão surdo é feliz se tem o amor de seu tutor – talvez só necessite de um pouco mais de paciência para o adestramento. Segundo Alexandre Rossi, zootecnista e comportamentalista animal: “Treine o comando “vem” com uma canetinha a laser. Ponha um petisco no chão, sem que o cão o veja, e movimente o pontinho vermelho de luz no sentido dele até a guloseima, que será o prêmio pelo cumprimento do trajeto. Quando o cão tiver aprendido, faça o pontinho luminoso vir dele até você. Se ele vier junto, recompense-o. Nunca direcione o laser para os olhos do cão, pois isso pode comprometer a visão. Se o cão ficar muito agitado para “caçar” a luzinha, não faça movimentos bruscos nem muito rápidos. Para treinar o comando “não”, tenha à mão uma lanterna com luz branca. Ponha um pedaço de carne num prato próximo ao cão. Quando ele vier abocanhá-lo, pisque a lanterna. Ao mesmo tempo, borrife a cara dele com água. O incômodo combinado com a frustração de não conseguir a comida fará o cão associar as piscadas de lanterna a algo desagradável. Ele aprenderá que quando a lanterna pisca, deve interromper o que faz. Para obter informações sobre profissionais com experiência em adestramento de cães surdos, ligue para (11) 7814-2633 ou (11) 3862-5865.”

A comunicação gestual é fundamental: o cão aprenderá os gestos correspondentes às ordens que o tutor queira dar, às atividades etc.

O cão aprenderá a procurar sinais nas suas mãos e expressões faciais, assim como nos objetos, como a tigela da comida ou a guia. Chamar o cão pode ser um problema se ele se afastar demasiadamente. Portanto, fora de casa, mantenha-o SEMPRE na guia.

Os gestos:

– para cada ordem repita sempre o mesmo sinal;
– os sinais devem ser simples;
– os sinais devem ser facilmente reconhecíveis pelo cão, mesmo à distância; faça-os usando apenas uma das mãos, para que o animal possa seguir com os olhos;
– ensine esses sinais a todas as pessoas que lidam com o cão;
– há sinais-padrão para obediência. Você pode aprendê- los em uma escola de obediência e treino.

É muito importante o diagnóstico de surdez, dado por um médico veterinário através do teste BAER (Brainstem Auditory Evoked Response). Porém, os testes aplicados pelo tutor e a consulta veterinária podem determinar a surdez bilateral ou unilateral (de um ouvido só). Somente o veterinário pode indicar o teste BAER. Um teste caseiro: faça algum barulho, por exemplo, bater duas tampas de panela, ligar o aspirador de pó, etc., com o cão virado de costas para você. Em caso de suspeita de surdez, leve-o ao veterinário para que o teste possa ser feito.

Sinais de possível surdez:

– coçar frequentemente, as orelhas;
– dormir demais;
– latir excessivamente e sem propósito;
– indiferença em relação a sons;
– desobediência aos chamados vocais:
– abanar frequentemente, a cabeça;
– desatenção;
– não acordar quando é chamado;
– mau cheiro proveniente dos ouvidos.

Exercício é sempre essencial. No entanto, um cão surdo não deve ser deixado nunca à solta, pois não ouve os chamados do tutor e pode fugir; também não ouve os sons dos carros e pode ser atropelado. A guia é essencial, assim como uma etiqueta de identificação na coleira, com o nome do animal, telefone do tutor e menção à surdez.
Uma coleira de peito, em vez de uma de pescoço, anula a possibilidade de o cão, se assustado, recuar e a guia escapar pela cabeça.

Segundo a Federação Internacional American Pitbull Terrier Delegação Portuguesa, 10 dicas para lidar com um cão surdo:

– aprenda a comunicar–se com o seu cão;
– faça-o sempre saber que está por perto;
– seja sempre gentil;
– treine-o com muitas recompensas e encorajamento;
– permita que se aproxime de estranhos farejando primeiro as suas mãos;
– vede os espaços exteriores onde o cão vive – isso é essencial para a sua segurança;
– estabeleça um treino regular e contínuo;
– ame-o e aceite-o com suas necessidades especiais;
– deixe-o junto a você dentro de casa, para a adaptação inicial, educação básica, relacionamento e segurança dele;
– nos passeios, mantenha-o sempre na guia e perto de você: isso dá segurança a ambos. Coloque uma etiqueta na coleira com seu nome, seu telefone e a palavra “SURDO”.

Todo cão requer alguns cuidados. O cão surdo, apenas mais um pouco de paciência. Você e seu cão poderão desfrutar de um convívio feliz – para ele, o que importa, é o amor que você lhe devota.

Leia matéria Cão surdo aprende linguagem de sinais e ganha prêmio de obediência.

Gatos cegos

Rita Gorette

Gatos cegos podem ter cegueira desde o nascimento ou devido à má nutrição, doenças, crueldade humana etc. Mas uma coisa que todos os gatos e outros animais com necessidades especiais possuem, é o fato que podem ser amados, são ativos, e desafiam o que nós, humanos, consideramos “deficiências”.

A visão dos gatos é superior à dos humanos, mas os bichanos também são suscetíveis a muitas condições que afetam sua visão. Para o diagnóstico de qualquer doença dos olhos em animais, consulte o veterinário oftalmologista.

Catarata

Os problemas de catarata são relativamente raros nos gatos e estão relacionados geralmente às complicações do diabetes Algumas raças herdam uma tendência genética:  birmaneses, himalaios,  persas e shorthairs britânicos. Pode começar com a opacidade do olho aumentada, ou mudança no tamanho da pupila. A catarata pode ser resolvida com cirurgia.

Glaucoma

É consequência do aumento da pressão intraocular – é uma doença que ocorre tanto em cães quanto em gatos. Pode ocorrer em um ou nos dois olhos e é uma das maiores causas de cegueira em gatos, e o quanto antes for diagnosticado, melhores são as chances de tratamento. Em casos mais avançados, cirurgia pode ser recomendada.

Tumores

Tumores, incluindo melanoma da íris etc. A cirurgia de remoção do tumor é frequentemente necessária. Outra causa de glaucoma pode ser um tumor.

Atrofia progressiva da retina

A doença consiste em um processo lento e irreversível de degeneração do tecido da retina. É um processo gradual, mas que pode levar à cegueira. A doença não é dolorosa, e por causa da sua natureza, os gatos aprendem a lidar com a diminuição da capacidade de enxergar.

Lesão, ferimento

Lesão é uma situação emergencial: quedas, atropelamento, ataques de outros animais etc, e o gato precisa ser levado imediatamente ao veterinário.

Conjuntivite

É a inflamação da conjuntiva, a parte rosada do olho que cobre a parte branca chamada de esclera. Algumas doenças podem ser fonte de conjuntivites, como o herpes, por isso é muito importante que o animal sempre tome todas as vacinas.

Hipertensão felina não tratada

A hipertensão geralmente acontece devido a outras doenças: diabetes, insuficiência renal crônica, hipertireoidismo etc.

Marina Renata e Rita Gorette

Como ajudar um gato cego

Ver um gato tornar-se cego, gradual ou subitamente, pode ser uma experiência terrível, pois tendemos a comparar a perda da visão em gatos com a cegueira humana. Porém, seus outros sentidos são muito mais desenvolvidos – o olfato, a audição e o tato (patas, bigodes etc.), e ele terá uma vida absolutamente normal, com alguns cuidados:

– manter a rotina do gato. Comedouro, bebedouro, cama e bandeja sanitária devem ficar nos mesmos lugares;

– evitar mudar de lugar a mobília. E evite deixar obstáculos no “caminho”, como almofadas, cadeiras, etc;

– alertá-lo de sua aproximação, falando com ele, ou batendo palmas, embora ele sinta a vibração dos seus passos (na maioria dos pisos);

– e o mais importante: relaxe e aproveite a vida com seu gato. Sendo cego ou não, uma coisa nunca vai mudar – o amor que ele sente por você.

Corina Lúcia (à esquerda) e Rita Gorette

As fotos que ilustram o artigo são de minha gatinha Rita Gorette (e suas irmãs: gata Corina Lúcia e cadela Marina Renata). Ela é cega e tem pouca audição. Algum ser sem coração e sem alma jogou essa bichinha no lixo, com menos de um mês de vida (suposição feita pela veterinária). Está conosco desde o dia 1º de abril, de 2010. Agora tem em torno de 5 meses. Estava num estado muito severo de fraqueza, fome etc. Depois de um rigoroso tratamento, agora é uma criaturinha feliz, linda, extremamente carinhosa; vive brincando com sua bolinha de guizo, come muito bem – adora queijo, brinca de luta com seus irmãos gatos e irmãos cachorros, e está ensaiando seus primeiros pulos e suas primeiras “artes” – já alcançou a estante e fez uma bagunça com os livros! Com certeza, ela é muito amada por toda a família, e vibramos com cada progresso de nossa filhotinha.

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