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Cangurus vítimas da indústria da carne agonizam e morrem lentamente para servir ao consumo humano

12 de dezembro de 2010
3 min. de leitura
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Por Vanessa Perez  (da Redação)

Brian Sherman, co-fundador do grupo Voiceless, diz que a pressão do mercado de carne de canguru para os australianos esconde o lado obscuro da indústria.

Foto: Simon O'Dwyer

Solicitação de advogados da indústria do canguru, a fim de levar mais carne desse animal aos pratos dos australianos, ignora problemas graves associados a essa indústria. É o abuso de animais – institucionalizado – que está na base da troca comercial de carne de canguru.

A indústria da carne de canguru representa o maior massacre sustentado da fauna terrestre no mundo. Cerca de 3 milhões desses seres sencientes, altamente sociais e inteligentes são mortos no país a cada ano.

Ao contrário dos animais que são explorados e “produzidos” em fazendas, como vacas e porcos, os cangurus são baleados no mato por pessoas que vão a passeio ou por caçadores profissionais.

Em um número significativo de casos, os cangurus caçados por sua carne não são simplesmente mortos, mas gravemente feridos e deixados para morrerem lentamente e em agonia no mato. Além disso, os cangurus que recebem um tiro no corpo não podem ser explorados comercialmente para a carne. Essas pobres vítimas do tráfico são deixadas para morrer no campo.

Um animal jovem que não morreu junto à sua mãe, recebe, até a sua morte, pancadas na cabeça com um tubo de metal ou contra a barra de reboque do caminhão do caçador, ou são decapitados. A conduta chama isso de “eutanásia”. Como alternativa, uma vez que sua mãe está morta, o filhote é abandonado e deixado para morrer sozinho.

Para fornecer aos australianos só uma pequena porção de carne de canguru por semana, 22 milhões de cangurus teriam de ser massacrados por ano. A população total dos cangurus deveria ser de 151 milhões para suportar essa demanda. Isso é mais do que cinco vezes a média da população de 30 anos de 27 milhões, para fornecer uma porção de carne por semana a um australiano.

Como apontam Keely Boom e Ben Dror Ami, do grupo australiano de pesquisadores de cangurus THINKK, não se reconhece, devidamente, a sensibilidade dos animais selvagens e o fato de que essas criaturas, como nós, são seres conscientes, com a capacidade de perceber e sentir, e, no caso dos cangurus, com estruturas sociais complexas e fortes laços entre mães e filhotes.

O desrespeito pela vida animal, que anda de mãos dadas com o nível de interferência no ecossistema, é composto por falhas por parte da legislação e das políticas de proteção relativas aos cangurus.

Boom e Ben Ami discutem códigos e leis que regulamentam a indústria de cangurus, pois estes são “insuficientes para as exigências éticas dos cangurus como seres sencientes”.

Sua conclusão é clara: “A legislação vigente e a política são formas de crueldade contra cangurus adultos e jovens”.

A Voiceless tem trabalhado para resolver esse problema, apoiando a criação do grupo THINKK, e fornecendo financiamento para uma série de projetos relacionados aos cangurus, através do seu programa anual de subvenção.

As afirmações por parte da indústria, de que a carne de canguru é uma alternativa “verde” em comparação com a  carne de animais de produção “tradicionais”, não passam de mais crueldade para com os cangurus, em uma escala que supera a morte de outros animais selvagens que são assassinados nas indústrias mundiais.

Uma vez que eles saibam da verdade nua e crua, os australianos mais imparciais achariam o abuso contra esses animais difícil de digerir.

As informações são do jornal The Sidney Morning Herald.

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