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Espécies exóticas ainda sofrem com a indústria de importação de animais

8 de dezembro de 2010
4 min. de leitura
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Por Vanessa Perez  (da Redação)

Oficial segura uma cobra vítima do tráfico (Foto: Mike Stocker/SUN SENTINEL)

Eles chegam da floresta amazônica central e sul, savanas africanas e selvas asiáticas. Os passageiros viajam nos porões de carga dos aviões.

Serpentes, lagartixas anãs Zanzibar, iguanas verdes, chinchilas, escorpiões imperador e centenas de outras espécies não nativas entram nos Estados Unidos a cada ano para atender à cruel demanda por animais incomuns.

Muito tempo se passou após uma campanha malsucedida para retirar do Everglades as pítons birmanesas, apenas uma das espécies não nativas a encontrar um lar agradável, na Flórida. Mas o governo federal continua a permitir a importação escancarada de uma vasta gama de animais selvagens.

A Sun Sentinel avaliou os registros da importação da vida selvagem de abril de 2004 a abril de 2010 e concluiu que os Estados Unidos importaram os seguintes animais:

• Mais de 739 mil roedores;

• Cerca de 20 mil cobras venenosas, incluindo 632 víboras, 113 mambas negras e 357 cobras rei;

• Mais de 1,2 milhões de iguanas verdes, bem como 39.673 lagartos monitor do Nilo e 20.806 pítons birmanesas;

Um projeto de lei no Congresso teria limitado as importações das espécies que tinham sido identificadas como inofensivas, mas um protesto de “tutores” de animais selvagens e da indústria “pet” derrotou-o.  A Fish and Wildlife Service EUA está concluindo o processo para declarar a píton birmanesa e outras oito espécies de cobras grandes como prejudiciais, o que acabaria com as importações, exceto para os zoos e algumas outras finalidades.

“Se o Governo Federal tivesse listado a píton birmanesa como prejudicial há 20 anos, nós não teríamos este problema”, disse Beth Preiss, diretor da Humane Society para animais de estimação e exóticos nos EUA. “Pode ser tarde demais para impedir a invasão dos Everglades, mas não é tarde demais para pará-lo no resto os EUA”.

Mas grupos amadores têm lutado para parar isso. Eles observam que uma onda de frio no ano passado matou um monte de pítons nos Everglades. Eles dizem que os limites de importação representam uma resposta extrema para os problemas causados por algumas espécies. E dizem que restrições severas custariam empregos e prejudicariam um passatempo benéfico que estimula nas crianças uma valorização da ciência e da natureza.

“Muitas crianças passam horas na frente da TV e do computador e têm muito pouco contato com a natureza”, disse Jamie Reaser, vice-presidente do conselho executivo de um grupo comercial de política ambiental para a indústria “pet”. “Então, eu acho que é muito importante as crianças terem a oportunidade de aprender sobre os animais e o meio ambiente.”

Inspeção de animais

O oficial da Fish and Wildlife Service - EUA, Carlos Pages, abre uma caixa de répteis para inspeção. (Foto: Mike Stocker/SUN SENTINEL)

No ano passado, o Aeroporto Internacional de Miami recebeu 4.786 embarques de animais selvagens vivos.

O inspetor da EUA Fish and Wildlife Service, Carlos Pages, veste luvas e arromba um longo caixote vindo do Suriname, um país com florestas tropicais que se estendem para a bacia amazônica.

A caixa contém uma fileira de sacos amarelos. Quando ele pega um, ele começa a se mover. Então ele insere um tubo de plástico do tamanho de uma embalagem de Pringles que lhe permite olhar para dentro de forma segura, e vê a pele reluzente de uma jibóia esmeralda. Embora esta serpente não seja venenosa, ele é cuidadoso. “Estas serpentes estão em uma disposição desagradável”, diz ele. “Elas vão morder.”

DJ Schubert, biólogo do Instituto de Bem-Estar Animal, disse que o negócio de importação está repleto de oportunidades para o sofrimento animal.

“Eles podem ser mantidos por um longo tempo sem água ou comida”, disse ele. “Frequentemente eles são mantidos em caixas ou sacos de aniagem. A indústria como um todo facilita a crueldade, não porque as pessoas estão tentando fazê-lo, mas porque eles não conhecem nada melhor.”

Uma inspeção feita pela US Fish and Wildlife, no ano passado, encontrou animais selvagens em condições horríveis na US Global Exotics em Arlington. Mais de 26 mil cobras, hamsters, wallabies, preguiças e outros animais amontoados em gaiolas sujas, sem comida ou água, muitos mortos ou moribundos.

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