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Gatos prometidos para adoção são mortos por veterinário acusado de matar cães sadios

24 de novembro de 2010
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 Voz embargada e sem conseguir conter as lágrimas nem a revolta. Foi assim que uma candidata à adoção de dois gatos recém-nascidos reagiu ao saber que os animais que tanto desejava foram abatidos no Canil Municipal de Évora

Depois de saber que na sexta-feira tinham sido recolhidos dois gatos de uma ninhada, Isabel Pires Pereira deslocou-se ao Canil Municipal de Évora (CME), anteontem, para conhecê-los. “Um funcionário mostrou-me um dos animais, disse-me que o outro era igual e preenchi logo a ficha de candidatura para adotar ambos”, começou a relatar, ao JN. Entretanto, aguardou que alguém do canil verificasse se tinha condições para acolhê-los, tal como determina a lei. Ontem foi informada de que os dois gatos tinham sido eutanasiados. “Quando recebi o telefonema da veterinária responsável pelas fichas de adoção nem queria acreditar que estava falando dos meus gatos, pelos quais já me tinha apaixonado”, lamenta.

Quis saber por que razão tinham sido abatidos. “Disseram-me apenas que a decisão foi tomada pelo veterinário municipal, António Flor Ferreira, que entendeu que estavam doentes, mas não deu mais explicações nem referiu de que tipo de doença se tratava nem se punha em causa a saúde dos restantes animais do canil”, criticou.

A docente universitária garante que o gato que viu na segunda-feira – um dos que pretendia adotar – “tinha uma inflamação nos olhos, mas garantiram-me que era apenas isso e que o outro estava nas mesmas circunstâncias. Tenho mais gatos e sei que inflamações daquele gênero são tratáveis. Nunca fui informada de que estavam doentes”.

Isabel Pereira não acredita que os animais tivessem outras patologias, mas considera que, mesmo que assim fosse, tinha o direito de ser informada e decidir se queria continuar com o processo de adoção. “E eu queria muito. Ficaria com eles e assumiria o tratamento e os custos”.

Este relato, confirmado junto de várias fontes, leva juristas contatados pelo JN a defender que estão em causa algumas ilegalidades. Os gatos não poderiam ter sido mortos antes de terminado o prazo mínimo de oito dias que a lei determina para a permanência no canil. Só ali estavam há quatro. Por outro lado, uma eutanasia compulsiva só poderia ser justificada “por razões de saúde pública, de segurança e de tranquilidade de pessoas e de outros animais e, ainda, de segurança de bens”. O JN pediu esclarecimentos ao veterinário municipal, mas não obteve qualquer resposta.

Esta é mais uma acusação imputada a Flor Ferreira e junta-se a dezenas de outras que têm chegado à Ordem dos Médicos Veterinários desde que o JN denunciou o caso de animais vivos e saudáveis cedidos pelo canil para utilização como cobaias no curso de Medicina Veterinária da Universidade de Évora. O director do CME é também acusado de abater sete cães, cinco dos quais com processos de adoção em curso, o que originou uma manifestação na passada segunda-feira.

Fonte: Jornal de Notícias

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