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Tanzânia: cratera de Ngorongoro é refúgio para 25 mil mamíferos

11 de novembro de 2010
3 min. de leitura
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Chegamos à entrada da Área de Conservação Ngorongoro. Estamos na borda de uma imensa cratera circular de quase 20 km de diâmetro. A vista lá de cima é surpreendente, pois o interior do vulcão aparece como um enorme buraco, a 600 metros abaixo de onde estamos. No centro, um lago fornece água aos habitantes do lugar. Cerca de 25 mil mamíferos selvagens consideram Ngorongoro como morada, mas nenhum ser humano – com exceção de alguns pesquisadores –passa a noite na reserva, dentro da cratera. Aliás, esse é o aviso mais importante que recebemos na entrada. “Vocês precisam sair da cratera antes das 17:30. Nesse hora, um guarda-parque coloca um cadeado na guarita de saída e quem ficar para trás vai dormir com os leões – além de ter de pagar uma boa multa”, avisa o guarda-parque.

Ngorongoro é uma das maravilhas naturais do planeta. Há dois ou três milhões de anos, o vulcão teria explodido e seu cone colapsado sobre si mesmo. A caldeira criada acabou formando um ecossistema particular. É a maior e mais completa caldeira existente no mundo, cercada por paredes quase intactas do antigo vulcão. Dentro dessa área espontaneamente protegida, dezenas de espécies de mamíferos proliferaram.

A caldeira de Ngorongoro e seu lago são um pequeno paraíso para a vida selvagem. Foto: Reprodução/Revista Época

A primeira surpresa que encontramos é um elefante macho. Ele é o maior elefante que já vi na vida e também o maior dentro da cratera. Sua presa mede quase dois metros e está bem próxima ao solo. Como as presas nunca param de crescer, não é difícil calcular que o gigante também deve ser o mais idoso de todos.

Um gigantesco elefante, com suas presas de quase dois metros, alimenta-se próximo a um dos paredões que limita a cratera de Ngorongoro. Foto:Reprodução/Revista Época

Os leões de Ngorongoro possuem uma história bem particular e nem sempre saudável. Há algumas décadas, devido aos cruzamentos entre o grupo fechado de animais, isolados de seus parentes do parque Serengeti, muitos leões começaram a nascer com problemas de consanguinidade. Além disso, a população foi vítima de ataques cíclicos de moscas do gênero stomoxys. Em 1962, a população de 70 leões teria sido reduzida a 10. Em 2001, um novo surto matou quase uma dezena de animais. Hoje, calcula-se que a população esteja entre 60 e 80 leões, mas os problemas genéticos ainda não foram resolvidos.

Uma das leoas que avistamos descansa no mato. Ficaram no mesmo lugar durante todo o dia. Foto: Reprodução/Revista Época

Encontramos duas leoas dormindo na savana. Decidimos estacionar e esperar para ver o que pode acontecer. Noto que, a cada 10 ou 15 minutos, uma delas acorda, levanta, boceja, dá uma olhada ao redor e depois volta a encontrar uma relva confortável para dormir. Como a cratera é pequena, passamos pelo mesmo lugar (onde as leoas descansavam) várias vezes, para não perdê-las de vista.

Somente às 17 horas, quando já estava na hora de sair da reserva, é que elas acordaram. As duas amigas dão um delicado banho de língua uma na outra, mas ainda fora de nosso campo de visão. Enquanto isso, o tempo vai passando e nós estamos preocupados com o cadeado da guarita. Tentamos ficar ainda 10 minutos?

Depois de descansar, uma das leoas resolve que a sesta terminou e que está na hora de comer.Foto:Reprodução/Revista Época

Finalmente, uma delas se levanta e começa a caminhar. Ela passa a 10 metros de distância de onde estamos. A amiga segue atrás. Elas cruzam a estrada e seguem em direção a um grupo de gnus. Certamente elas vão esperar escurecer para dar o bote e conseguir o jantar.

Fonte: Revista Época

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