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Dores nas articulações dos animais: saiba como identificar e tratar

9 de outubro de 2010
5 min. de leitura
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Principalmente cães de grande porte estão sujeitos a esse mal,
limitador da qualidade de vida do animal.
Saiba como proceder para poupar o seu amigo de maiores sofrimentos

De repente, algo trivial como caminhar torna-se um martírio. Cada passo incomoda. Pular, brincar ou subir escadas não são mais tarefas tão fáceis. O jeito é se movimentar o mínimo possível, para que as dores não aumentem ainda mais. Assim como os humanos, os animais também sofrem com dores articulares — mas, ao contrário de nós, não conseguem avisar quando algo não está indo bem. Entretanto, basta um olhar atento ao bichinho para descobrir se ele está ou não passando por maus bocados causados por inflamações nas juntas.

Fabiana Brandino, 27 anos, sabe bem a importância de prestar atenção aos sinais de seu animal de estimação. Em junho do ano passado, Djiro, seu pastor-alemão, precisou passar por uma cirurgia para tratar um câncer no baço. “Ele urinava sangue, achei que fosse algum problema na próstata”, conta a bancária. A recuperação ocorreu sem maiores problemas, mas, em fevereiro deste ano, as coisas começaram a se complicar novamente. Apesar de seus quase dez anos de idade, Djiro sempre teve o fôlego e a disposição de um animal jovem. Mas Fabiana notou que seu cachorro não estava mais levantando com a mesma vitalidade de antes e passava grande parte do tempo deitado e triste. “Descobrimos que ele estava com displasia coxofemoral”, diz a dona.

O pastor Djiro foi diagnosticado com displasia coxofemoral (Foto: Rafael Ohana/CB/DA Press)

A doença de Djiro é um exemplo de problemas articulares que os cães — especialmente os de grande porte, como rottweilers, pastores alemães e labradores — podem enfrentar. “Esses cães crescem muito e muito rápido, e as articulações têm que aguentar o peso deles”, conta o médico veterinário Carlos Augusto Nunes. Embora não levem à morte, complicações nas juntas causam grande incômodo para o animal, que sente dores sempre que precisa se movimentar. O resultado é um cachorro desanimado, apático e que pode até ter os movimentos comprometidos.

Embora relacionadas a animais idosos, Carlos Augusto Nunes frisa que cachorros jovens e os de pequeno porte também podem desenvolver doenças nas articulações — tudo vai depender do modo como você trata seu animal. Uma alimentação não balanceada pode fazer com que o cachorro ganhe ainda mais peso (o que exigiria ainda mais das juntas e agravaria o problema). Exercícios físicos em excesso também prejudicam a saúde do animal, que corre mais riscos de romper um ligamento ou sofrer contusões que podem levar ao trauma articular.

Mas claro que nem tudo é culpa dos tutores. O veterinário José Lino Martins explica que as doenças podem ser ocasionadas por problemas genéticos — como a displasia de Djiro — ou de coluna. “A hérnia de coluna, também chamada de síndrome da cauda equina, é outra complicação recorrente”, diz. A doença, causada pela combinação de artrose com má-formação óssea, alterações degenerativas e articulações instáveis, pressiona os nervos que passam pela coluna e raízes nervosas. De tanta dor, alguns cães podem até se automultilar, mordendo os membros traseiros ou a cauda. “Usamos anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos e opioides para aliviar a dor, mas, dependendo da situação, o tratamento precisa ser cirúrgico”, completa José Lino Martins.

Para tratar o problema de forma adequada, a veterinária Andrea Bonates ensina: é importante tomar uma série de medidas para transformar a casa em um ambiente seguro para o animal. Se o cachorro estiver acima do peso, começar uma dieta balanceada e com poucas calorias é a medida de emergência. Lembre-se que seu animal está sentindo dor, então, evitar que ele tenha acesso a escadas ou fique exposto a situações em que seja necessário se movimentar em demasia é o segundo passo. “O piso não pode ser muito liso, para que ele não derrape e tenha firmeza ao andar”, finaliza Andrea.

Após investigar a vida, o ambiente e a rotina do animal, o procedimento médico inclui exames manuais e de raios X, para descobrir em qual estágio a doença está. “O tratamento é baseado em perda de peso, manejo do ambiente e medicações”, resume Andrea. Ela explica ainda que esses medicamentos agem como regeneradores da cartilagem, uma vez que são feitos à base de sulfato de condroitina — substância que já faz parte da cartilagem articular. Os remédios repõem o sulfato de condroitina perdido durante os processos degenerativos, além de funcionarem como anti-inflamatórios.

Sintomas

Apesar de silenciosas, as doenças articulares mudam o comportamento dos animais. Aprenda a identificá-las para que seu bichinho de estimação não sofra:

• Alterações de humor são um indício de que o animal pode estar sofrendo. Preste atenção a mudanças repentinas de comportamento, como falta de ânimo para brincar e passear.

• Leve seu animal de estimação ao veterinário assim que notar que ele está diferente. As doenças articulares são progressivas.

• Se o seu animal é um cachorro de grande porte, cuide para que ele não ganhe muito peso. Animais obesos têm mais chances de desenvolver doenças nas articulações, que ficam sobrecarregadas. Atualmente, há algumas rações que retardam o aparecimento precoce dessas doenças e, de quebra, evitam que seu bicho engorde demais.

• Cachorros precisam de atividade física constante, mas cuidado para não exagerar. Muito exercício pode fazer com que ele tenha contusões — que podem se transformar em doenças articulares no futuro.

• Escolha um piso que não seja liso, para que ele não deslize. Se o cão não tem como se equilibrar corretamente, precisará fazer mais esforço para se manter de pé e, consequentemente, forçará as articulações.

• Quando não tratadas corretamente, as doenças articulares podem evoluir para um quadro crônico, no qual o animal passa por dores intensas e dificuldades de locomoção. Em casos mais graves, alguns animais deixam de comer, desenvolvem incontinência urinária e podem até mesmo perder os movimentos dos membros traseiros.

Fonte: Correio Braziliense

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