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Biólogo afirma que o ser humano tem pouco a fazer para salvar as baleias encalhadas

29 de outubro de 2010
3 min. de leitura
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Foto: Instituto Ecológico Aqualung

Não tem coisa mais horrível do que sentir impotente diante de uma morte anunciada. E nesta temporada, em quase todo o litoral brasileiro, baleias de várias espécies têm encalhado nas praias e mobilizado pessoas na tentativa inglória de salvá-las. Na maior parte das vezes, o resultado final tem sido frustrante e há que se saber: “Esse é um evento da natureza sobre o qual o homem pouco pode interceder”, diz o biólogo marinho e diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Marcelo Szpilman.

“Dos esporádicos casos de encalhes de grandes cetáceos vivos acontecidos nos últimos 20 anos, muito poucos resultaram em desencalhe. Ainda assim, grande parte do êxito nesses poucos casos de sucesso deve-se quase que exclusivamente às condições da maré e da praia em que o animal encalhou. Ou seja, a interferência do homem não faz parte dos fatores que ditam a sorte da baleia encalhada”, garante.

Segundo Szpilman, como ainda não existem equipamentos adequados para tal resgate, “as bem intencionadas manobras para empurrar ou puxar o animal resultarão em inócuas tentativas improvisadas de resgate, estresse ou mesmo danos à sua estrutura corporal”. E pede que as pessoas façam uma simples reflexão.

“Quem frequenta a praia sabe que um homem adulto de 80 kg sentado na areia na beira da água cria um buraco e afunda na medida em que as ondas batem”. Ou seja, nessas circunstâncias, “empurrar ou puxar, na tentativa de “desencalhar” essa pessoa, não são as melhoras medidas, mas sim levantá-la”. Com uma baleia pesando dezenas de toneladas, vem a conclusão: é impossível arrastá-la ou levantá-la.

O biólogo marinho sugere que, em casos como esses, o melhor é isolar a área, para evitar a presença de curiosos e mesmo que os bem intencionados não atrapalhem ou machuquem o animal. “Com raras exceções, somente a sorte e a própria natureza podem interceder a favor da baleia nesse momento. Somente ela poderá tentar desencalhar-se sozinha.

Se não conseguir desencalhar-se em até 24 horas, o enorme estresse e os danos provocados em sua estrutura física e em sua fisiologia, que não foram projetados para suportar tamanho peso e compressão fora d’água, passam a determinar seu fim”. Mais: “Quando o animal encalha na maré alta, seu desencalhe é praticamente impossível”.

Marcelo Szpilman explica que as causas para o encalhe das baleias pode estar vinculado a causas naturais, indo de doenças que provocam problemas no senso espacial a equívocos ou inexperiência no cerco de um cardume de sardinhas.

Para ele, o caso do aumento do número de baleias encalhadas no litoral brasileiro pode estar relacionado ao aumento de sua população. “Graças à proibição da pesca da baleia e ao excelente trabalho de proteção e preservação que vem sendo realizado há mais de 18 anos pelo Projeto Baleia Jubarte e pelo Projeto Baleia Franca, a quantidade de baleias que hoje nadam ao longo do nosso litoral em suas rotas migratórias aumentou bastante, o que também aumentam as chances de um encalhe”, acredita.

Fonte: EPTV

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