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Estiagem histórica pode causar extinção de animais da Amazônia

27 de outubro de 2010
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Seca nos rios causou a morte de milhares de peixes da região. (Foto: Jair Araújo)

A vazante histórica que castiga o Amazonas prejudica muitos animai, que são afetados pela redução do nível das bacias hidrográficas no Estado. Com a baixa quantidade de água, a temperatura nos rios aumenta, o que resulta na diminuição de oxigênio e, consequentemente, a morte de peixes.

O efeito dominó continua e chega a atingir aves e mamíferos aquáticos.

De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Dr. Renato Cimpra, a falta de alimentos nos rios aliada ao abatimento da vegetação podem causar a extinção local de algumas espécies, que significa o desaparecimento de animais em regiões onde antes eles eram abundantes.

Peixe-boi

A Associação Amigos do Peixe-boi (AMPA) alerta que a espécie está ainda mais vulnerável à caça devido a vazante.

Segundo a AMPA, durante esta época, o peixe-boi procura habitar lagos mais profundos. Como as porções d’água têm secado severamente, o maior mamífero aquático da Amazônia está exposto ao abate facilmente.

O diretor da Ampa, Jone César Silva, denuncia que, com a seca de um lago próximo à colônia dos pescadores do município de Autazes (a 108km de Manaus), os peixes-bois estavam sendo vítimas de caça.

“Historicamente, o peixe-boi amazônico é alvo de caça, por ter um grande interesse comercial, devido a sua carne, gordura e principalmente seu couro muito resistente. Hoje, mesmo protegido por lei, ele ainda é vítima de caça ilegal e esse fator se agrava nessas épocas do ano”, comenta Silva.

Aves aquáticas

Segundo Roberto Cimpra, algumas aves procuram viver em locais com vegetação aquática. O jaçanã, por exemplo, põe os ovos sobre esse tipo de plantas. Sem esta proteção natural, as aves são obrigadas a mudarem de lugar.

Cimpra relata que algumas espécies já abandonam seus habitats à procura de refúgio.

“Alguns animais chegam a se beneficiar com a vazante, mas muitas aves aquáticas passam por riscos. Observamos bandos voando para outras regiões. Muitas espécies buscam o norte do rio Negro, onde o nível volta a subir”, explica.

Impactos negativos

Roberto Cimpra alerta que o aumento da incidência de secas graves pode causar impactos permanentes na vida das aves aquáticas do Amazonas.

O especialista integrou um grupo de pesquisa que acompanhou os efeitos da seca dos rios no ano de 2005 em 50 lagos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no Amazonas. A análise dos efeitos da estiagem foram prolongados até o ano seguinte, em 2006.

Segundo Cimpra, durante a seca, muitas das aves que deixaram a área para fugir da vazante retornaram ao local na época da cheia dos rios, mas foi possível diagnosticar que a população do bando sofreu uma mudança significativa.

Viagem de risco

Roberto Cimpra afirma que a migração traz riscos à vida dos animais. Segundo o pesquisador, ao dispersar para outras regiões, as aves encontrarão um ambiente diferente e estarão sujeitas a predadores e novas doenças. Além disso, os longos voos podem prejudicar as aves mais jovens. Cimpra destaca que muitos não estão preparados para as viagens e acabam morrendo.

O pesquisador estima que metade das espécies de aves de uma região gravemente afetada pela vazante fogem da área e migram para terrenos de várzea ou até mesmo bacias hidrográficas vizinhas.

Fonte: D24am

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