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Censo da vida marinha revela conexão entre animais do fundo do mar

4 de outubro de 2010
3 min. de leitura
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Levantamento de dez anos mostra que as formas de vida do mar estão profundamente ligadas

Os oceanos do mundo podem ser vastos e profundos, mas um censo de dez anos da vida animal marinha descobriu uma biologia tão interconectada que parece fazer encolher o mundo aquático.

Um esforço internacional para criar o Censo da Vida Marinha foi completado nesta segunda-feira, 4, com mapas e três livros, aumentando o número de espécies contadas e validadas a 201.206.

Dez anos atrás, a pergunta de quantas espécies haveria no oceano não podia ser respondida. Ela também levava a discussões acaloradas entre cientistas. Algumas espécies eram contadas mais de uma vez, disse Jesse Ausubel, da Alfred Sloan Foundation, co-fundador do esforço que envolveu 2.700 cientistas.

O projeto de US$ 650 milhões obteve dinheiro e ajuda de mais de 600 grupos, incluindo vários governos e fundações privadas, corporações, organizações sem fins lucrativos, universidades e até cinco escolas de ensino médio.

O que os cientistas descobriram foi mais que um número. Foi um conhecimento de como a vida se conecta de um lugar para outro e de uma espécie para outra, disse Ausubel. Por exemplo: imagine a minúscula criatura, semelhante a um camarão, chamada Ceratonotus steiningeri. Ela tem espinhos e garras e pareceria ameaçadora, se não tivesse apenas seis centésimos de centímetro de comprimento. Cinco anos atrás, esse animal nunca tinha sido visto. Ninguém sabia de sua existência.

Então, na costa atlântica da África, como parte do censo, ela foi encontrada a uma profundidade de cinco quilômetros. Era uma das 800 espécies descobertas na viagem, disse o descobridor, Pedro Martinez Arbizu, do Centro Alemão de Pesquisa de Biodiversidade Marinha.

Ele ficou espantado ao ver que a minúscula criatura também constava do catálogo que havia feito a 12.000 quilômetros dali, no Pacífico central. Ali estava o animal de novo: mesmo tipo de camarão, outro oceano. “Ficamos muito surpresos com isso”, disse Arbizu.

Ceratonotus steiningeri, espécie que exsitem em dois oceanos. Foto: Jan Michels/AP

“Acreditamos que essa espécie tem uma ampla área de distribuição”. De certa forma, o  Ceratonotus steiningeri exemplifica o que o censo determinou.”Acreditamos agora que o mar profundo é muito mais conectado, também os diferentes oceanos, do que imaginávamos”.

O censo também destacou formas vida marinha que fazem viagens extraordinárias. Antes do censo, a migração do atum de barbatana azul do Pacífico não havia sido monitorada em detalhe. Ao seguir o peixe de 15 quilos, cientistas descobriram que ele cruza o Pacífico três vezes em 600 dias, disse Barbara Block, da Universidade Stanford.

O censo encontrou outra conexão, mais básica, na genética da vida. Como humanos e chimpanzés partilham 95% de seu DNA, as espécies dos oceanos também têm muito DNA em comum. Entre os peixes em geral, a diferença parece ser de entre 2% e 15%, disse Dirk Stenke, da Universidade de Gelph, no Canadá. “Embora essas espécies de peixe sejam realmente antigas, não há muito que as separe”, declarou ele.

Fonte: Estado

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