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Congresso Vegetariano tem início com temas sobre educação e especismo

17 de setembro de 2010
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Busca pelo comprometimento com a antiviolência e a atitude de respeito aos animais. Iniciou nesta quinta-feira (16), no SESC Campestre, em Porto Alegre, o III Congresso Vegetariano Brasileiro. Até domingo, dezenas de palestras discutem o vegetarianismo de diversos pontos de vista, desde a ética, o autoritarismo, os impactos ambientais do consumo de carne e em nossa própria saúde.

Na palestra de abertura, o doutor em filosofia e autor do livro Ética e Animais, Carlos Naconecy, falou sobre “os desafios psicológicos e estratégicos para a defesa animal”. Para o filósofo, a mentalidade especista, ou seja, de discriminação entre as espécies, permeia a nossa realidade. “Cada vez que se vê um animal tido como inferior ao humano, tu estás em pleno processo de atitude especista, isto se dá nas mais variadas dimensões, 24 horas por dia”.

No congresso em Porto Alegre, professor Leon Denis fala sobre como tratar da questão vegetariana com os jovens (Foto: Danielle Sibonis/EcoAgência)

A justiça é defendida, tradicionalmente, como o respeito entre iguais, mas na prática, ela acontece apenas entre os seres humanos. “Especismo como tema transversal” foi o tema de  Leon Denis, colunista da ANDA, professor de filosofia de escolas estaduais de São Paulo e membro fundador da Sociedade Vegana.

Numa sociedade em que os animais têm valores relativos, sendo eles, meios para o fim econômico humano, o professor falou sobre a sua tentativa de apresentar aos seus alunos conteúdos que busquem sua autonomia moral. “Alguns alunos se interessam e levam um choque ao perceber algo tão evidente quanto a exploração animal e começam a mudar, e tem os alunos que se afastam porque mexe com o dia a dia deles, pois tudo que ele consome envolve os animais e o meio ambiente”.

“O diferente é você mostrar que o meio ambiente não é simplesmente um recurso para os seres humanos, e que os animais não são produtos. Cada organismo vivo tem valor inerente e busca manter sua vida”. Para Leon, é compreensível a dificuldade que algumas pessoas têm para aprender, por estar num mundo em que todo tipo de exploração é naturalizado. Os animais e o meio ambiente são tidos como recursos, coisas, então passa por natural a exploração, não se questiona nada.

O professor defende a necessidade de se repensar conceitos como justiça e igualdade, para buscar desenvolver uma justiça ampla e não apenas para o homem. Para a sociedade realmente ser justa deve englobar os outros seres, senão os humanos se reduzem ao egoísmo, aniquilando a vida das outras espécies.

Ele destaca que é necessária a (in)formação para respeitar os não iguais e não agir em interesse pessoal apenas. Para preparar seus alunos para a cidadania, Leon Denis defende a necessidade de mostrar as contradições de nossa sociedade, preparar para ser mais crítico, questionando a si mesmo, a escola, a sociedade, o professor que está falando com ele. ‘‘Para preparar para a autonomia tem se repensar a sociedade e não repetir frases que se repetem a séculos. Não podemos seguir com a reprodução de modelos éticos discriminatórios”.

Com informações de EcoAgência
 



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