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Exploração em laboratórios traz consequências físicas e mentais para os chimpanzés

4 de setembro de 2010
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Foto: Reuters

Flo, uma chimpanzé, passeia por sua jaula, joga uma bola de borracha e depois admira uma pimenta verde que será seu lanche esta manhã. Já faz muito tempo que Flo estava em “exibição” no zoológico de Memphis, e ainda mais tempo desde que aprendeu a fumar cigarros durante uma passagem por um circo. Mais recentemente, ela foi cobaia em testes relacionados à hepatite C e ao HIV. No momento, no entanto, ela está “desempregada”, mas talvez não por muito tempo.

Flo e outros 185 chimpanzés que moram no Centro de Primatas de Alamogordo, na Base Aérea de Holloman, não são usados como cobaias há quase um década, como parte de um acordo entre o Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH, na sigla em inglês) e os militares, que não permite o uso dos animais em testes biomédicos na base. Mas, recentemente, o instituto decidiu que queria usar os chimpanzés em pesquisas médicas novamente, principalmente no desenvolvimento de uma vacina contra a hepatite C. Em junho, alguns dos animais foram enviados em caminhões especiais para o Centro Nacional de Pesquisas com Primatas em San Antonio e os planos são de remover os demais chimpanzés até 2011.

A transferência  revoltou os defensores dos direitos dos animais, especialistas em primatas e políticos. Também jogou nova luz no debate sobre o limite entre ciência e ética, levantando vozes como a da lendária primatologista Jane Goodall e do governador do estado do Novo México, Bill Richardson: “Esses chimpanzés deram sua liberdade, assim como seu habitat natural, seus corpos, sua saúde e seus filhos para as pesquisas”, diz Laura Bonar, diretora do Programa de Proteção de Animais do Novo México, que quer transformar o centro de Alamogordo em um asilo para o descanso dos macacos.

O histórico das pesquisas com primatas há muito desperta controvérsias.  Muitos questionam se estas pesquisas levaram a reais descobertas importantes, e os EUA atualmente são o único país desenvolvido que continua a usar o confinamento em larga escala de chimpanzés em laboratórios. Os defensores das pesquisas, por sua vez, afirmam que elas já deram sim muitas contribuições à ciência.

Ainda aguarda aprovação no Congresso americano o chamado Ato de Proteção dos Grandes Macacos, que levaria à “aposentadoria” de 500 chimpanzés sob responsabilidade do governo federal em santuários permanentes. O centro de Alamogordo tem suas origens em experimentos conduzidos pela Força Aérea no fim dos anos 50. John Gluck, professor emérito de psicologia da Universidade do Novo México, visita a colônia da base desde os anos 70 e está preocupado com as consequências para saúde física e mental dos animais que uma possível mudança para San Antonio pode trazer, principalmente tendo em vista o “enorme preço” que eles já pagaram sendo cobaias em laboratórios como o da Fundação Coulston.

Fonte: O Globo

 

Nota da Redação: O descanso para esses chimpanzés seria o mínimo que o governo americano poderia fazer, embora não apagasse jamais dessas criaturas toda a dor, o estresse e os traumas produzidos durante uma vida inteira de crueldade e exploração. Os testes em animais, além de serem uma brutalidade, uma violência, não garantem em nada a eficácia dos produtos testados – seja um remédio, uma vacina ou um cosmético. Esses “cientistas”  precisam entender, de uma vez por todas, que os animais não estão aqui para nos servir.

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