EnglishEspañolPortuguês

Observação de pássaros deve ser acompanhada de consciência ecológia

3 de setembro de 2010
2 min. de leitura
A-
A+

A observação de aves na Ria Formosa tem vindo a crescer nos últimos anos, e o  turismo do Algarve lançará, este mês, uma campanha de divulgação no mercado anglo-saxônico.

Embora os portugueses só agora comecem a despertar para esta prática, há muito que os anglo-saxónicos têm como principal motivação para as suas viagens a observação de aves (“birdwatching”). Sendo estes os principais estrangeiros que procuram o sul de Portugal, o turismo do Algarve decidiu apostar nesta área.

Como rampa de lançamento, esta entidade vai estar presente, este mês, na maior feira mundial de “birdwatching”, que se realizará em Londres. Ao mesmo tempo, irão ser identificadas as aves presentes na Ria Formosa, requalificado o território, definidos percursos e criada sinaléctica.

De acordo com Nuno Grade, biólogo do Parque Natural da Ria Formosa, estão identificadas cerca de 100 aves aquáticas nesta zona lagunar do Algarve. Algumas são aves migratórias do Norte e Centro da Europa, que passam aqui o inverno, como é o caso do pato-real ou do marrequinho-comum. Outras são residentes permanentes, como o borrelho-de-coleira-interrompida ou o alfaiate. A galinha-sultana, cujo número de exemplares tem crescido nos últimos anos, é a espécie emblemática do parque natural.

Para este biólogo, um dos fatores de ameaça das aves da Ria Formosa é o “excesso de perturbação, principalmente a partir de maio”, quando a zona começa a ser procurada por banhistas. “Alguns levam os cães para a praia e os deixam comer os ovos”, sublinha.

Algo que “Bolinhas” e “Dick”, de dois e sete anos, respectivamente, aprenderam a não fazer. Estes dois cães são os companheiros de Fernando Alves, 62 anos, o único habitante da Ilha Deserta, em Faro. “A primeira coisa que lhes ensinei foi a não se aproximarem dos ninhos”, contou. “Temos que proteger o que é de mais valioso para nós”.

Esta é também a filosofia de Paulo Nugas,  40 anos. Em 2005, fundou a Formosamar, uma empresa de turismo da natureza, que promove visitas para observação de aves, tanto de barco como a pé.

Na Ria Formosa, estão identificados dois “hotspots” (locais privilegiados para a observação de aves em terra), o Arraial Ferreira Neto e a Quinta do Ludo.

Embora tivesse poucos conhecimentos sobre aves quando lançou o negócio ,Paulo agora é quase um perito. “Gosto muito disto e fui aprendendo”, diz. Na empresa, trabalham oito biólogos, que durante as visitas dão explicações sobre as aves que vão sendo avistadas, e sensibilizam os turistas para a necessidade de as preservar e ao seu habitat.

Paulo Nugas defende que os operadores turísticos têm essa responsabilidade. “Entre maio e julho, sei que não posso me aproximar muito dos ninhos, sobretudo das espécies em risco, diz. “Assim como a aproximação às margens deve ser feita com o motor dos barcos desligados e a baixa velocidade”, acrescenta.


Fonte: Jornal de Notícias

Você viu?

Ir para o topo